Volta de Marta pede revisão do rancor cultivado por Lula e PT
Em política, nada se perde e nada se transforma. Tudo se acomoda. Por 12 votos a favor, um contra e uma abstenção, o diretório paulistano do PT aprovou o retorno de Marta Suplicy aos quadros do partido. Para colocar em pé a chapa Boulos-Marta, idealizada por Lula, alguns petistas foram compelidos a flexionar a espinha, a alma e a coerência.
Há um ano, Lula deixou a militância petista em estado de êxtase ao tachar Michel Temer de "golpista" durante viagem ao Uruguai. De volta a Brasília, chamou-o de "bandido". Agora, Lula força o PT a engolir Marta, que havia deixado o partido acusando-o de corrupção, para se filiar ao MDB de Temer e votar a favor do impeachment de Dilma Rousseff no Senado.
Até ontem, a separação entre Marta e os petistas era definitiva. Os dois lados pareciam dispostos a viver separados até que a morte os juntasse. A reconciliação pede uma revisão do rancor cultivado por Lula e pelo PT em relação a antigos correligionários e aliados que ajudaram a encurtar o mandato de Dilma.
Do modo como está, petistas históricos podem entrar em parafuso. Quando quiserem chamar a turma do impeachment de golpista, podem sentir a estranha sensação do passageiro que viaja num avião ao lado de Marta, sabendo que sua bagagem, com tudo o que acumulou durante a vida, viaja em outra aeronave.
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