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Reinaldo Azevedo

Fim de ano, recesso do Judiciário e Fux plantonista são tempestade perfeita

Bolsonaro na Presidência, Pazuello na Saúde e Luiz Fux no comando do Supremo. Enfim ele vai ter o Natal que pediu ao diabo - Reprodução
Bolsonaro na Presidência, Pazuello na Saúde e Luiz Fux no comando do Supremo. Enfim ele vai ter o Natal que pediu ao diabo Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

14/12/2020 07h01

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O ministro do STF Ricardo Lewandowski, relator das ações que dizem respeito à vacinação, deu um prazo de 48 horas para o ministro Eduardo Pazuello — aquele que gosta de promover aglomeração com breganejos sem máscara, enquanto os pobres morrem como moscas — apresentar uma data para início e término da vacinação. Virá mais enrolação, a exemplo do que se viu no tal plano entregue ao tribunal, feito de improviso, sem metas e sem o endosso de especialistas, que tiveram seu nome metido no documento sem autorização.

Vídeo que circula do Ministério da Saúde traz o secretário-executivo da pasta, Elcio Franco, atacando o governador de São Paulo, João Doria, afirmando que sua promessa de iniciar a vacinação em janeiro é um devaneio. E, mais uma vez, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) é evocada. Sem o registro do imunizante, diz o doutor, não há como falar em vacinação.

É nesse ponto que o Supremo tem de mandar um recado ao governo federal, ao Ministério da Saúde em particular, e, muito especialmente, à Anvisa. A Lei 13.979 permite a vacinação mesmo sem a autorização da agência. E o texto vige, na prática, enquanto durar a situação de emergência declarada pela Organização Mundial da Saúde. De toda sorte, o STF nem precisa desse texto para salvar a vida de muitos milhares.

O Ministério da Saúde, que tenta empanturrar os pobres brasileiros de cloroquina, demoniza quem trabalha e quem investe na ciência, disfarçando sua incompetência e sua incúria com linguajar técnico. A situação é delicada. Daqui a pouco, Congresso e STF entram em recesso, e restará no Supremo a figura hoje perturbadora do plantonista Luiz Fux.

E será um momento particularmente delicado porque amplas camadas da população, a exemplo do fanfarrão que ocupa o Planalto, também se mostram dispostas a desafiar o vírus, a lotar os leitos dos hospitais e a povoar os cemitérios. Poderiam pôr em risco apenas a própria vida. Infelizmente, também dispõem, sem cerimônia, da vida alheia.