Crime foi friamente executado, diz delegado do caso Bruno; ex-policial é procurado
A polícia mineira elucidou 80% do caso do desaparecimento de Eliza Samudio, afirmou em entrevista coletiva concedida na manhã desta quinta-feira (8) o delegado Edson Moreira, que conduz as investigações no Estado sobre a morte da ex-amante do goleiro Bruno, do Flamengo.
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Segundo o delegado, o crime foi “premeditado, planejado e friamente executado”. O goleiro se entregou à polícia ontem após ter tido a prisão temporária decretada em Minas Gerais e no Rio de Janeiro.
Marcos Aparecido Santos, conhecido como Bola ou Paulista, é o novo alvo da polícia, apontado pelas investigações por ter estrangulado Eliza até a morte. Santos é ex-agente da Polícia Civil de MG, tem 45 anos, adestrava cães e dava cursos de sobrevivência. Ontem, dez cães foram apreendidos na casa do suspeito, em Vespasiano (região metropolitana de Belo Horizonte).
“O Bruno estava lá dentro da casa e via a mulher com a cabeça toda estourada e acompanhou a ida de Eliza para o sacrifício”, disse Moreira, que classificou o ex-policial como um “especialista em matar”.
Crueldade
“Um ídolo de um grande time, mas que, na realidade, é um monstro. A Eliza está morta e a materialidade está confirmada”, afirmou o delegado, ao afirmar que Bruno participou do crime desde o início. Segundo Moreira, todos os que participaram do crime ficaram chocados e o mais tranquilo era o goleiro, que chegou até a tomar cerveja após o assassinato.
O delegado disse que -- com base nos depoimentos de dois primos do goleiro, um adolescente de 17 anos e Sérgio Rosa Sales Camelo, preso ontem -- a “crueldade” contra Eliza teria começado no sítio do goleiro, onde ela foi espancada por ele, pelo adolescente e por Macarrão, Luiz Henrique Romão, amigo do goleiro, que também está preso. Lá, um rádio com som alto era usado para abafar o som das pancadas.
Adolescente conta detalhes da morte
Moreira afirma que o adolescente ficou abalado ao contar com riqueza de detalhes o que ocorreu no sítio e, depois, na casa em Vespasiano. Já Sérgio contou à polícia que “viu a cabeça da Eliza estourada por coronhadas” no sítio e que em todo o momento Bruno participou da ação.
Eliza teria sido levada a Vespasiano no dia 9 de junho e chegou a fazer uma ligação para uma amiga, dois dias depois, sob coação. Ela teria dito a Santos que não aguentava mais apanhar. Em troca, ouviu: “Você não vai apanhar mais, você vai morrer”. De lá, retornaram somente com a mala de viagem da vítima, que foi queimada no sítio.
Agora, a polícia procura Paulista. Quando as equipes chegaram ontem a Vespasiano, constataram a existência de um circuito externo de vigilância e deduziram que ele havia fugido pouco antes. A pia do banheiro ainda estava molhada, a janela aberta e a televisão ligada.
Advogado abandona o caso
O advogado responsável pela defesa de Bruno, Michel Assef Filho, anunciou na manhã desta quinta (8) que abandonou o caso. "Estou deixando a causa oficialmente porque há um conflito de interesses entre o Flamengo e o atleta. Quem vai assumir a causa é um advogado de Minas Gerais. É o Dr. Quaresma”, afirmou, referindo-se a Ércio Quaresma Firpe, que defende a mulher de Bruno, Dayanne de Souza. Assef representa o Flamengo.
O advogado esteve nesta manhã na Divisão de Homicídios da Polícia Civil do Rio de Janeiro, na Barra da Tijuca, visitando seu cliente.
Bruno e Macarrão passaram a noite presos em celas separadas. Ontem à noite, negaram envolvimento no desaparecimento de Eliza e informaram que só responderão em juízo.
Os dois não receberam visitas até o momento, e segundo informações de policiais, não comem e não tomam banho desde ontem. No local, eles só podem beber água e usar o banheiro.
Na sua chegada ao local, o jogador rubro-negro foi insultado por cerca de 200 curiosos que o chamavam de assassino. Eles devem ser encaminhados ainda hoje para Bangu 2, na zona oeste do Rio de Janeiro.
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