Após gerente relativizar estupro, boate da Daslu demite empresa de segurança em São Paulo
Os representantes brasileiros da boate nova-iorquina Kiss & Fly anunciaram nesta terça-feira (21) que romperam com a empresa K&F (Karina & Fernando), uma das responsáveis pela segurança da filial brasileira do clube noturno, instalado na Villa Daslu, zona sul de São Paulo.
A suspensão do contrato acontece após uma das proprietárias da firma relativizar na imprensa a culpa do bombeiro civil suspeito de estuprar uma estudante de 20 anos, socorrida por embriaguez por volta das 5h20 do último sábado (18).
Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo publicada hoje, Karina Gomes, gerente e sócia da K&F Segurança, afirmou que a vítima estava “bem sóbria” e “estava bem consciente do que estava fazendo”. A declaração foi entendida como uma afronta ao posicionamento da boate, que apóia a cliente e pede investigação rigorosa sobre o incidente.
Luciano Ferreira, 32 anos, foi preso em flagrante no dia da ocorrência e segue detido, acusado de estupro de vulnerável. Ele, que é casado, confessa ter se relacionado com a cliente, mas de forma consensual.
Segundo Luiz Roberto Pereira de Arruda, delegado que investiga o caso no 15º Distrito Policial (Itaim Bibi), todos os indícios incriminam o bombeiro.
Como afirma Arruda, testemunhas citadas no inquérito afirmam ter visto a vítima sendo carregada pelos corredores da boate e ser colocada, ainda desacordada, na sala em que foi atendida inicialmente.
“Além disso, três horas depois do ocorrido, o nível de álcool no sangue dela ainda era alto, mesmo tendo parado de beber”, afirma o policial.
O delegado lembra ainda que, ao contrário da estudante de 20 anos, Ferreira mudou de versão durante as apurações.
“Ele chegou na delegacia negando ter praticado sexo com a menina. Isso inclusive fez com que, no dia do ato, ele recebesse o apoio de outros funcionários. Foi só depois de explicarmos que não adiantaria mentir, pois a perícia iria revelar a verdade, que ele passou assumir ter feito sexo com a menina”, diz Arruda.
A Polícia Civil considera o caso “praticamente encerrado”. Procurado, o advogado do bombeiro civil, Maurício Jannuzi, não foi encontrado para comentar a reportagem.
O estupro, na versão da polícia
Com base em depoimentos de testemunhas e dos relatos da própria vítima e de sua irmã, que comemorava a formatura no clube noturno, a polícia afirma já ter esclarecido os detalhes do episódio no último sábado (18).
O caso começou no banheiro feminino da boate. Após passar mal depois de ter ingerido bebidas alcoólicas, a vítima caiu perto do vaso sanitário por volta das 5h20, chamando a atenção das demais mulheres no ambiente.
A faxineira foi chamada ao local. Ao verificar o estado da jovem, ela procurou uma segurança feminina, que tentou carregar a garota para receber atendimento.
No caminho, no entanto, a segurança sentiu dificuldade em arrastar a moça desacordada e pediu socorro ao bombeiro, que estaria passando pela área.
Sob a vigilância da irmã, a jovem embriagada foi levada para uma sala e ficou deitada, coberta. “Ele [bombeiro] orienta que a irmã vá embora e pegue algo doce para ela beber. Foi uma espécie de premeditação”, diz o delegado.
Sozinho com a estudante, o bombeiro teria levado a jovem até um banheiro diferente, mais externo, isolado dos demais e que possibilitava trancar a porta. A vítima diz se lembrar de ver o homem abaixar as calças, mas afirma que não tinha condições de reagir.
Como afirma o policial responsável pela investigação, a garota voltou à realidade após o ato consumado. Nessa hora, ela afirma ter reclamado com o bombeiro e deixado o recinto. Ela então encontrou a irmã no corredor --que chamou a polícia.
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