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Com áreas alagadas, moradores de Juatuba (MG) temem novos temporais; Estado soma 116 cidades em emergência

Rayder Bragon

Do UOL, em Juatuba (MG)

10/01/2012 16h00

Ainda com áreas alagadas por conta de três enchentes recentes, moradores da cidade de Juatuba, localizada na região metropolitana de Belo Horizonte e a 42 km da capital mineira, temem que mais temporais resultem na cheia do ribeirão Serra Azul, que passa pelo município.

As inundações provocadas pelo transbordamento do ribeirão, no dia 17 de dezembro, na passagem do Ano Novo e na última sexta-feira (6), deixaram 290 pessoas desalojadas e desabrigadas na cidade. O município decretou situação de emergência desde a primeira inundação.


De acordo com o coordenador da Defesa Civil Municipal de Juatuba, José Iraldo Androciolli, 30 famílias estão alojadas em casas cujos aluguéis estão sendo pagos pela prefeitura. Outras preferiram ficar em moradias de parentes, vizinhos e amigos. Ainda conforme ele, apenas duas famílias estão em uma escola da cidade.

O coordenador informou que os bairros Francelino, Satélite, Nova Esperança e Varginha foram os mais atingidos pelas enchentes. Segundo ele, a preocupação da Defesa Civil é com áreas onde a inundação já produziu muitos estragos. “Estamos com esse receio porque tem áreas no município e na zona rural que foram bem castigadas pelas chuvas e as enchentes”, afirmou.

Para o aposentado Luiz Gonzaga da Costa, 65, morador do bairro Cidade Nova 1, a preocupação é também com novas tempestades. “A coisa aqui esteve feia. Se eles [temporais] voltarem, a situação poderá ficar pior, porque já tem muito barranco caído, ou prestes a cair. Há locais que já foram bastante prejudicados pela chuva”, disse.  

De acordo com o Centro de Meteorologia da Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais), a partir desta terça-feira (10) o tempo deverá melhorar em grande parte do Estado. A frente fria que atuava em Minas Gerais está perdendo força, o que ocasionará uma pequena estiagem até o próximo sábado.

A Cemig informou que, por conta da elevação da temperatura, pancadas de chuvas isoladas poderão ocorrer em algumas regiões.

No próximo domingo, uma nova frente fria chega ao Estado, o que deverá ocasionar chuvas fortes em Minas Gerais, conforme o centro de meteorologia.  

 

Famílias resistem a sair de área de risco

O servente Walace Ramos de Miranda, 20, avalia como preocupante a situação de várias famílias que invadiram há nove anos um terreno às margens da BR-262, logo na entrada da cidade. Conforme ele, o local está bastante degradado por conta das chuvas das últimas semanas.

“Se chover mais lá, não sei o que será de nós. Eu queria ir para uma casa. Não quero ficar em uma escola, é muito sofrimento. Nesses locais, a gente não tem privacidade e tenho medo de ser roubado”, disse o servente, que afirmou ter procurado a prefeitura em busca de uma casa que seja alugada pela administração local.

Segundo o coordenador, alguns moradores do local resistem a irem para os abrigos públicos. “Nós oferecemos a eles vagas nas escolas. Fomos até ao local com o Corpo de Bombeiros, para que eles tentassem convencer as pessoas a sair de lá, mas algumas não querem se mudar do local”, afirmou.

Situação no Estado

O número de cidades em situação de emergência em Minas Gerais passou nesta segunda-feira (9) de 104 para 116, e o número de mortes causadas pelo período chuvoso subiu para 15, de acordo com a Defesa Civil Estadual.

Dos 15 mortos, 13 morreram somente nesta primeira semana de 2012. Ao todo, três pessoas estão desaparecidas e 36 se feriram.

Três óbitos foram confirmados ontem na cidade de Além Paraíba, localizada na zona da mata de Minas Gerais e distante 380 km de Belo Horizonte. Segundo o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, um homem de 50 anos, ainda não identificado, morreu soterrado por um deslizamento de terra que atingiu sua casa. Uma criança de 3 anos e a mãe foram arrastadas pela enxurrada. Uma mulher ainda está sendo procurada pelos bombeiros.

Os bombeiros informaram que a energia elétrica e a telefonia da cidade foram afetadas pelos estragos causados pela chuva.  Os moradores em área de risco foram socorridos durante o dia pelos bombeiros, com a ajuda de barcos e de um helicóptero. Homens do setor administrativo do 4º Batalhão, situado em Juiz de Fora (MG), também foram acionados.

Duas pessoas morreram em Governador Valadares após o deslizamento de uma encosta na última sexta-feira (6): Nilson Jânio Andrade, 43, e Marlene Pinheiros da Silva estavam em casa quando foram soterrados. Já Flávio Adão Silva, 24, foi arrastado pela correnteza de um rio em União de Minas. Em Guaraciaba, Edmar João Vila, 23, foi levado pela enxurrada ao tentar atravessar uma rua.

Durante a semana passada, morreram em um deslizamento de terra na rodoviária de Ouro Preto os taxistas Juliano Alves, 28, e Denílson Maciel de Araújo, 26. Janilson Aparecido de Moraes, 40, morreu no desabamento de prédio em Belo Horizonte. Maria de Lourdes Estevão Rocha, 78, também foi atingida por deslizamento, mas na cidade de Visconde do Rio Branco.

Em Guidoval foram dois mortos: João Paulo Coelho, 81, foi surpreendido por uma inundação dentro de casa e morreu afogado, e Genésio Cândido Martins Silva, 42, foi levado pela correnteza durante um temporal na cidade.

No final de 2011, morreram o motociclista Admardo Pereira, 43, atingido por um tronco de árvore durante temporal em Reduto, e Poliane Alves de Oliveira, 27, levada pelas águas de um ribeirão em Governador Valadares.

Rita Vieira de Souza, moradora de Santo Antônio do Rio Baixo, e Vanis Silencio Ferreira, de União de Minas, estão desaparecidas.

As últimas cidades a decretarem a situação de emergência foram: Resplendor, Galiléia, Presidente Bernardes, Santana de Pirapama, São Francisco, Governador Valadares, Cachoeira da Prata, Eugenópolis, Piranga, Coração de Jesus, Santos Dumont e Barroso. No total, 167 municípios enfrentam problemas causa dos pelas chuvas.

Segundo a Defesa Civil estadual, 12.875 pessoas estão desalojadas e 1.240, desabrigadas. Ao todo, 2.251.574 pessoas foram afetadas.