Acusado de chefiar jogo do bicho no Rio, patrono da Beija-Flor tem prisão preventiva decretada
O TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro) decretou nesta quinta-feira (12) a prisão preventiva de Aniz Abraão David, o Anísio, 75, que foi preso nesta quarta-feira (11) sob acusação de chefiar uma quadrilha do jogo do bicho em Nilópolis, na Baixada Fluminense. O suspeito é patrono de uma das principais escolas de samba do Carnaval carioca, a Beija-Flor.
A decisão do juiz da 23ª Vara Criminal, Daniel Viana Vargas, se estende aos dois supostos seguranças do contraventor, que foram presos junto com ele, ontem. São eles o aposentado Maurício de Oliveira e o policial civil Pedro Cardoso de Almeida. Todos foram autuados por formação de quadrilha armada.
Ao fim das investigações na esfera policial, a Justiça vai apreciar uma provável denúncia contra o bicheiro, que já foi processado anteriormente por corrupção, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, crimes contra a economia popular, entre outros.
O patrono da Beija-Flor recebeu voz de prisão de policiais da Corregedoria Interna da Polícia Civil (Coinpol) quando transitava a pé nas proximidades de um laboratório médico em Copacabana, na zona sul.
Ele --preso pela terceira vez desde 1993-- se preparava para deixar o local em seu automóvel, e chegou a gargalhar quando foi apresentado na sede da Polícia Civil.
Dentro do veículo, foram apreendidos R$ 7.698 e cerca de US$ 180 em poder de Anísio. Já o policial civil, lotado na Delegacia de Roubos e Furtos (DRF), portava uma pistola 9mm, dois carregadores e um par de algemas.
A prisão de Anísio só foi possível em razão da revogação de um habeas corpus preventivo --a anulação foi deferida pelo desembargador Paulo Rangel na última segunda-feira (9). O magistrado argumentou que seria necessário "resguardar a ordem pública e assegurar a instrução criminal, pois a corrupção impera no meio criminoso imputado ao paciente".
De acordo com o desembargador, "a apreensão de cerca de 4 milhões de reais achados no ralo do esgoto em poder de um dos integrantes da quadrilha" (referindo-se a Helinho, presidente da escola de samba Grande Rio) é um "fato novo" que comprova a culpabilidade do suspeito.
O advogado do patrono da Beija-Flor, Ubiratan Guedes, argumentou que a prisão de seu cliente não era necessária, já que o contraventor supostamente se colocou à disposição da Justiça para prestar depoimento.
"Na segunda-feira nós encaminhos uma petição para a Procuradoria-Geral da Justiça na qual o meu cliente se coloca à disposição para prestar depoimento. A polícia não tinha necessidade de promover todo esse circo", disse.
O advogado argumentou que o seu cliente já possui idade avançada e não "precisaria fugir". Guedes afirmou aos jornalistas que iria protocolar uma nova solicitação de habeas corpus, porém o TJ não confirma se o pedido já foi feito.
Segundo a chefe de Polícia Civil do Rio, Martha Rocha, os agentes continuam trabalhando para prender outros acusados de chefiar quadrilhas do jogo do bicho, e que também são patronos de escolas de samba do Carnaval carioca. São eles Luizinho Drummond, presidente da Imperatriz Leopoldinense, e Helinho de Oliveira, da Grande Rio.
De acordo com o corregedor da Polícia Civil, Gilson Emiliano, os policiais pretendem cumprir outros sete mandados de prisão expedidos contra suspeitos investigados na operação Dedo de Deus.
Procura
Anísio começou a ser procurado após a deflagração da operação Dedo de Deus, em dezembro, que investigava uma quadrilha do jogo do bicho supostamente chefiada por Hélio de Oliveira, o Helinho, presidente da escola de samba Acadêmicos do Grande Rio.
Na época da operação, a polícia entrou na luxuosa mansão de Anísio e apreendeu mais de R$ 500 mil, além de obras de arte, joias e documentos.
Para entrar no imóvel, localizado na avenida Atlântica, em Copacabana, zona sul do Rio, os agentes utilizaram a técnica de rapel com o apoio de helicópteros da Polícia Civil. A cena atraiu a curiosidade das pessoas que transitavam pelo local.
Mais de 40 pessoas foram detidas no Rio e em Estados do Nordeste –Pernambuco, Bahia e Maranhão.
Segundo a polícia, a quadrilha é responsável por promover uma modernização do tradicional jogo de azar, o que inclui a captação eletrônica das apostas por meio de máquinas semelhantes às das operadoras de cartão de crédito –cada equipamento é avaliado em R$ 1.200.
Os criminosos respondem pelos crimes de contravenção, corrupção ativa e passiva e formação de quadrilha armada. Se condenados, eles podem receber penas de até 45 anos de prisão.
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