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"Foi a primeira vez que apanhei na vida", diz homem que aparece em vídeo sendo agredido por PM

Guilherme Balza

Do UOL, em São José dos Campos (SP)

25/01/2012 15h20

O vídeo que mostra um policial militar agredindo com o cassetete um homem negro após a reintegração de posse da comunidade Pinheirinho, em São José dos Campos (SP), no último domingo (22), causou repercussão nacional e obrigou o comando da PM a dizer que “não compactua com esse tipo de ação isolada”.

A vítima, o servente de pedreiro Cláudio Anésio Martins, 50, entretanto, sequer sabe do vídeo em que aparece apanhando. “Não estou sabendo. Não vi esse vídeo”, diz. Martins acredita que tenha sido confundindo com outra pessoa.

“Estava saindo do acampamento, quando quatro ou cinco policiais vieram em minha direção. Um deles perguntou: ‘foi você que jogou pedras em nós?’. Eu disse que não, que estavam me confundindo, mas ele desceu o cassetete em mim mesmo assim”, relembra. “Se eu não corresse e voltasse para a tenda, vinham os cinco policiais para cima de mim.”

Assista como foi a agressão

Martins foi agredido nas costelas, que, segundo ele, incharam depois da surra. Ele preferiu não ir ao hospital. Tomou, por conta própria, antibióticos dados pela igreja em que se abrigou após o despejo.

O servente de pedreiro era morador do Pinheirinho, mas deixou o local após se separar da mulher, com quem tem um filho. Natural de São José dos Campos, Martins está morando na vizinha Jacareí, mas, por conta da reintegração de posse, voltou a São José para ajudar a ex-mulher e o filho. “Foi a primeira vez que apanhei na vida. Nunca apanhei de polícia, nem de ninguém. Não me meto em briga. Sei onde entrar e sair.”

Martins defende que o PM que o agrediu receba algum tipo de punição. “Eles usam muito as pessoas inocentes para descontar a raiva de um ou outro que faz baderna”, diz.

Segundo capitão Antero Alves Baraldo, que participa da operação no Pinheirinho, os policiais que participaram da agressão já foram identificados. Ele disse também que a polícia abriu inquérito administrativo para apurar a agressão e encaminhou o caso ao Ministério Público. O capitão considerou a agressão uma atitude isolada.