Advogado de Cid diz na TV que Bolsonaro sabia de tudo e depois recua
Advogado de Mauro Cid, Cezar Bitencourt afirmou, em entrevista à GloboNews, que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) comandava a organização criminosa indiciada pela Polícia Federal e conhecia o plano para um golpe de Estado que envolvia os assassinatos do presidente Lula (PT), do vice Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro do STF Alexandre de Moraes.
Entretanto, minutos após essas declarações, o advogado recuou e negou que tenha dito que Bolsonaro sabia do plano de golpe de Estado e de execução de autoridades.
O que aconteceu
"Presidente sabia de tudo", afirmou o advogado sobre intenção dos golpistas de assassinar lideranças. Bitencourt disse ainda que Bolsonaro "comandava essa organização" que foi alvo da Operação Contragolpe no começo da semana.
Bittencourt declarou também que Cid confirmou informações a Moraes em depoimento no Supremo. "Cid tem uma linha de pensamento, a versão verdadeira dos fatos", disse o advogado.
Advogado saiu do ar por alguns minutos e, quando voltou, recuou em relação às declarações. Após uma falha técnica que causou a interrupção da entrevista, Bittencourt negou que tivesse dito que Bolsonaro sabia de tudo. "Cid deu alguns detalhes [no depoimento]. Uma coisa para retificar. Eu não disse que o Bolsonaro sabia de tudo, até porque o tudo é muita coisa. Alguma coisa ele tinha conhecimento."
Ele também negou que estivesse sofrendo alguma pressão durante a entrevista para mudar de versão. Ao ser perguntado pela jornalista Andreia Sadi, respondeu: "Pressão é a entrevista em si, são os fatos. Foi o dia inteiro, não posso lembrar de tudo o que aconteceu". Questionado se estava correndo algum risco, disse que estava em sua casa.
Bolsonaro disse que não sabia
Ex-presidente disse que nunca soube de um plano dos militares para assassinar autoridades. "Lá na Presidência havia mais ou menos 3.000 pessoas naquele prédio. Se um cara bola um negócio qualquer, o que eu tenho a ver com isso? Discutir comigo um plano para matar alguém, isso nunca aconteceu", declarou ele a Veja, em entrevista publicada nesta sexta-feira (22).
Bolsonaro disse à revista que não endossaria qualquer plano de golpe de Estado. "Eu jamais compactuaria com qualquer plano para dar um golpe. Quando falavam comigo, era sempre para usar o estado de sítio, algo constitucional, que dependeria do aval do Congresso".
Ele tem argumentado que não tentou dar golpe porque agiria conforme a Constituição. As chamadas minutas golpistas, apreendidas pela PF, eram rascunhos de decretos que o então presidente assinaria para evitar a posse de Lula por meio de medidas de exceção, como estado de defesa e estado de sítio. Como essas medidas estão previstas na Constituição e precisariam, em tese, de aval do Congresso, Bolsonaro alega que não tentou qualquer ruptura democrática.
37 pessoas foram indiciadas
Relatório apresentado pela Polícia Federal ao STF (Supremo Tribunal Federal) tem 884 páginas e aponta possível cometimento de crimes. O documento afirma que os indiciados se envolveram em casos de tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado democrático de Direito e organização criminosa.
Agora, STF deve encaminhar relatório à Procuradoria-Geral da República. Caberá ao último órgão analisar toda a documentação e decidir se denuncia ou não os suspeitos. Caso isso aconteça, a denúncia será submetida ao STF. No Supremo, acusação e defesa poderão apresentar seus argumentos em um eventual julgamento.
Indiciamento foi divulgado nesta quinta (21). Em nota, a PF (Polícia Federal) informou que sua investigação "apurou a existência de uma organização criminosa que atuou de forma coordenada, em 2022, na tentativa de manutenção do então presidente da República [Bolsonaro] no poder".
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