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Delegado afirma que Bola é "homicida contumaz" e capaz de tramar morte de juíza em Minas Gerais

Rayder Bragon

Do UOL, em Belo Horizonte

01/02/2012 17h29

O delegado da Polícia Civil de Minas Gerais Edson Moreira, chefe do DIHPP (Departamento de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa), disse nesta quarta-feira (1º) que o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, acusado de matar Eliza Samudio, “é um homicida contumaz” e teria “disposição” para tramar a morte de pessoas ligadas ao caso e que supostamente estariam “marcadas para morrer”.

Além de Moreira, que foi o responsável pela investigação do sumiço da moça, a hipotética lista incluiria ainda a juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues, do 1º Tribunal do Júri de Contagem (MG), o deputado estadual Durval Ângelo (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia de Minas Gerais (AL-MG), e os advogados José Arteiro Cavalcante (assistente de acusação) e Ércio Quaresma, ex-defensor do goleiro e que atualmente atua na defesa de Bola.

“Já foi provado pela Justiça. Está provado que ele é um homicida contumaz. Ele tem muita disposição para fazer isso”, afirmou o delegado. O policial foi ouvido nesta tarde na Divisão de Operações Especiais (Deoesp), situado no bairro Gameleira, região oeste de Belo Horizonte, por delegados que cuidam das investigações sobre a denúncia feita pelo detento Jaílson Alves de Oliveira.

Ele havia ocupado o pavilhão juntamente com Bola no presídio de segurança máxima Nelson Hungria, em Contagem (MG), e disse ter ouvido do ex-policial a trama, que contaria com a participação de Bruno, que está preso no local. O goleiro e Marcos Aparecidos dos Santos, confinado atualmente em presídio na cidade de São Joaquim de Bicas (MG), negam as acusações.

Os dois e mais seis réus vão a júri popular, ainda sem data definida, pelo desaparecimento de Eliza Samudio.

Depoimento

O delegado admitiu não ter sido ameaçado diretamente em razão da sua ligação com o caso Eliza Samudio. Ele disse ter tomado conhecimento do caso pela mídia. Porém afirmou receber constantemente telefonemas intimidadores que, de acordo com ele, são inerentes à profissão. “Mas, se como policial, tiver medo de atuar por causa de ameaça, é melhor ir embora”, disse.

No entanto, Moreira disse temer Bola por conta de o ex-policial ter afirmado possuir uma rixa antiga contra ele, adquirida supostamente no tempo em que Marcos Aparecido era aluno do delegado na academia de Polícia Civil mineira.

“Ele disse que é meu inimigo, mas eu não nunca tive ele como inimigo. É lógico que eu me sinto ameaçado. O cara é perigoso demais. Ele já matou um punhado de gente, [em casos] que nós descobrimos. E fora o que não descobrimos”, disse o delegado, afirmando não se lembrar de detalhes do tempo em que Bola era seu subordinado. “Eu vi ele somente umas duas vezes”, salientou.

Por conta do temor, o delegado afirmou que mudou a sua rotina e disse não sair mais de casa à noite. “Parei de sair à noite. Estou até virando padre”, declarou. O delegado Islande Batista, um dos responsáveis pelas investigações, disse que até o momento a polícia não conseguiu descartar ou confirmar a existência da trama.

Segundo ele, ainda serão ouvidos José Arteiro Cavalcante e a magistrada Marixa Fabiane Lopes Rodrigues, ainda sem data definida. Além dos dois, a polícia pretende localizar e interrogar presos que porventura tenham tido contato com Bola e Jaílson de Oliveira no presídio.

"Nem da Rocinha"

Preso em novembro do ano passado no Rio de Janeiro, o traficante Nem da Rocinha será ouvido pessoalmente pelo delegado Wilson Luiz, que integra a equipe que investiga o suposto plano.

Conforme a investigação, Nem seria contratado pela noiva do goleiro Bruno, a dentista carioca Ingrid de Oliveira, para ser o responsável pelas mortes. Em depoimento, a moça negou as acusações. Atualmente, o traficante está confinado em presídio federal de segurança máxima no Mato Grosso do Sul.

Segundo Batista, o depoimento do traficante provavelmente será colhido até a próxima semana.