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Exército cerca Assembleia; sobe para 93 número de homicídios na Grande Salvador após início da greve da PM

Soldado do Exército patrulha avenida de Salvado - Lunae Parracho/Reuters
Soldado do Exército patrulha avenida de Salvado Imagem: Lunae Parracho/Reuters

Do UOL Notícias*

Em São Paulo

06/02/2012 08h16Atualizada em 06/02/2012 11h33

Mais quatro pessoas foram mortas nesta segunda-feira (6) na Bahia. Com isso, sobe para 93 o número de homicídios desde o início da greve da Polícia Militar, no dia 31.

O cálculo considera o primeiro dia cheio (1º) da paralisação --já que a decisão dos grevistas foi tomada, na véspera, no fim do dia --e números divulgados pela SSP-BA (Secretaria de Segurança Pública da Bahia). Durante o final de semana, foram registrados 36 homicídios. A sexta-feira (3), contudo, foi o dia em que os homicídios derfam um salto: 32 casos.

Hoje, 600 homens do Exército estão posicionados no Centro Administrativo da Bahia (CAB), isolando o prédio da Assembléia Legislativa onde estão os policiais militares em greve. Homens da Caatinga e da Companhia de Operações Especiais da Polícia Militar também estão nas proximidades da Assembleia. Um helicóptero do tipo esquilo, do Exército, sobrevoa o local, e blindados especiais dão apoio à operação.

A presença do Exército, segundo o tenente coronel Marcio Cunha, da 6ª Região Militar, serve para garantir que a Polícia Federal cumpra os onze mandados de prisão solicitados por promotores do Ministério Público Estadual. Os mandados se destinam a líderes do movimento.  

“Nosso objetivo é fazer o isolamento para promover o pleno funcionamento do prédio e permitir que seja negociado o cumprimento dos mandados de prisão”, disse o tenente. O militar disse ainda que, se houver reações por parte dos grevistas, é a Secretaria de Segurança Pública do Estado quem vai tomar providências. “Nossa missão é apenas isolar a área para permitir a retomada da rotina no local", afirmou.

Os policiais de operações táticas da Polícia Federal devem se aproximar dos grevistas a qualquer instante. O secretário de segurança pública Mauricio Telles Barbosa, o comandante da PM, Alfredo Castro, e o comandante da 6ª Regão, Gonçalves Dias, estão acompanhando a movimentação no local.

Há pouco, um homem não identificado tentou se aproximar da barreira policial, e dois disparos foram efetuados, segundo a PM de arma não letal. Um deles teria atingido o pé do rapaz. Ele trajava bermuda, carregava uma camiseta nas mãos e estava descalço.  

Até o momento, apenas um dos os 12 mandados de prisão expedidos contra policiais militares que lideram o movimento foi cumprido. O soldado Alvin dos Santos foi preso na madrugada de domingo (5) pelo comandante do batalhão, major Nilton Machado, sob a acusação de formação de quadrilha e roubo de veículos da Polícia Militar.

Segundo o tenente Cunha, o soldado é “um dos participantes do movimento”. Ele foi encaminhado à Corregedoria da Polícia Militar e levado preso pela força-tarefa da Polícia Federal.

De acordo com o governo da Bahia, as lideranças do movimento são acusadas de roubo qualificado de carros policiais, incitação ao crime e formação de quadrilha.

O pedido para a desocupação do prédio da Assembleia foi feito no domingo (5) à tarde pelo presidente da Casa, deputado Marcelo Nilo.

100% de adesão em 32 cidades

No sábado (5), a Associação dos Policiais e Bombeiros da Bahia (Aspra) informou que a adesão ao movimento é de 100% do efetivo em 32 dos 417 municípios baianos, incluindo algumas das principais cidades do Estado, entre elas Ilhéus, Itabuna, Jequié, Vitória da Conquista e Senhor do Bonfim. 

Policiais Integrantes do 20º Batalhão da Polícia Militar, do município de Paulo Afonso (a 484 km de Salvador), decidiram cruzar os braços sob a alegação de que o governo não vem cumprindo com algumas pendências. Na noite da sexta-feira, policiais da cidade de Barreiras (a 848 km da capital baiana) também aderiram ao movimento.

Crimes federais

No sábado, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse que, por solicitação do governo do Estado, o Departamento Penitenciário Nacional (Depen) já reservou vagas em presídios federais para encaminhar, se necessário, policiais que tenham cometido algum tipo de crime durante o movimento grevista.

Cardozo se reuniu com o governador da Bahia, Jaques Wagner, e disse que todas as ocorrências criminosas serão tratadas como crimes federais. "Todos os crimes cometidos nesse período são qualificados como crimes federais e serão tratados como tais. Seremos muito firmes no cumprimento do nosso dever", disse Cardozo em entrevista na Base Aérea de Salvador.

O ministro viajou à Bahia acompanhado do chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, general José Carlos de Nardi, e da secretária nacional da Segurança Pública (Senasp), Regina Miki.

Cardozo considerou “inaceitável” a forma como os policiais estão conduzindo a greve. "O Estado de Direito não permite o abuso do próprio direito. Isso [a greve], da forma como está sendo tratado, é inaceitável." 

* Com colaboração de Heliana Frazão, em Salvador, e informações da Agência Brasil.