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Passageiros da SuperVia causam tumulto e "tomam" trem após problemas técnicos

Do UOL*, em São Paulo

09/02/2012 08h32Atualizada em 09/02/2012 12h17

Após problemas técnicos na manhã desta quinta-feira (9), passageiros provocaram tumulto em um dos trens da SuperVia,concessionária de trens urbanos que administra parte da rede férrea do Rio. Segundo informações da empresa, a confusão aconteceu após problemas em um trem que seguia de Queimados para a Central do Brasil, e os passageiros tiveram de desembarcar na linha.

Enquanto alguns passageiros desceram dos trens e caminharam a pé pela linha do trem, outros seguiram viagem pela parte externa das composições. Muitas pessoas passaram mal e um homem chegou a ter um ataque epilético. Um homem foi preso quando tentava furtar uma televisão de um estande da estação, durante a confusão. Segundo a concessionária, a situação foi normalizada.

Acionados pela empresa, o Núcleo de Polícia Ferroviária e o batalhão de Polícia Militar da área entraram em confronto com os passageiros. As primeiras imagens do tumulto mostraram que, além do empurra-empurra, pedras foram jogadas nos trens e empregados da SuperVia.

Bombas de gás lacrimogêneo e spray de pimenta foram utilizados contra os passageiros durante um tumulto que aconteceu também na estação Central do Brasil. “Aqui na Central eu levei uma pancada nas costas de um policial e um choque na minha mão, até perdi meu relógio no tumulto. Sou trabalhador, estava no trem que deu esse problema todo. Desde Deodoro ele vinha apresentando problema, aí parou de vez no Sampaio. Em São Cristóvão fomos obrigados a descer e vir andando a pé até a Central”, relata o pedreiro Antônio Raimundo. “O patrão não quer saber, eu só sei que perdi um dia, é triste, saio de Realengo todo dias às 7h e todo dia é quase impossível chegar no horário previsto na Central, sempre há atrasos.”

A atendente de telemarketing Marla Simone Machado Gomes também estava no meio do tumulto. “Eu peguei o tem em Senador Camará, meu trem vinha atrás desse que deu problema. No tumulto eu caí, policiais jogaram spray de pimenta, quase fiquei sem respirar. Eu deveria estar no trabalho às 9h, mas já são quase 11h e eu não consegui sair daqui ainda”, afirmou.

O camelô Fábio Alves, cheio de vassouras e pás, abrigou-se em uma barraca durante o tumulto. “Vou processar a Supervia, isso aqui está ‘brabo’, vi pessoas sendo agredidas, spray de pimenta, meu olho está vermelho até agora, minha sorte foi que me escondi na barraca de refresco, eles tem que dar uma satisfação”, desabafou.

Ambulâncias do Samu e dos bombeiros faziam o socorro de pessoas que passaram mal durante o tumulto.

Em nota, a concessionária diz que o problema aconteceu por volta das 7h10 de hoje, e uma equipe técnica foi ao local para reparar o trem e liberar a via. A nota responsabiliza os passageiros por eventuais dificuldades no serviço, quando diz que "um grupo de passageiros ocupa a linha férrea, impedindo o trabalho dos funcionários e a circulação dos trens dos ramais Deodoro, Japeri e Santa Cruz". Mais tarde, a empresa afirmou que o maquinista do trem foi ameaçado pelos usuários.

Segundo a SuperVia, as estações Méier, Engenho Novo, Sampaio e Riachuelo foram fechadas por medida de segurança. A Agetransp, agência reguladora de serviços públicos de transporte do Rio, diz que instaurou processo para apurar as causas do incidente. Por volta das 10h30 de hoje, a SuperVia diz que as estações Méier, Engenho Novo, Sampaio e Riachuelo foram liberadas para circulação de trens.

*Com informações de Rodrigo Teixeira, no Rio