Militares mortos na Antártida são homenageados pela Marinha e por autoridades do governo
Os corpos de Carlos Alberto Vieira Figueiredo, 47, e Roberto Lopes dos Santos, 45, militares mortos durante combate ao incêndio na base brasileira Comandante Ferraz, na Antártida, na madrugada do último sábado (25), chegaram à base militar do Galeão, no Rio de Janeiro, por volta das 9h desta terça-feira (28). Os caixões foram levados em um carro funerário, em uma caminhonete da Marinha do Brasil, a um hangar da base para as homenagens.
Participaram da cerimônia o vice-presidente, Michel Temer, o ministro da Defesa, Celso Amorim, o embaixador do Chile no Brasil, Jorge Monteiro, o comandante geral da Marinha, almirante-de-esquadra Moura Neto, autoridades civis e parentes das vítimas.
Após execução do Hino Nacional do Brasil, as autoridades lembraram os esforços dos militares que morreram em combate. Foi realizada salva de três tiros, toque de silêncio e continência individual. Após cerca de trinta minutos, a cerimônia foi encerrada com gaiteiros, que tocam a gaita de fole, característica da Escócia, tradição dos fuzileiros navais. Um capelão da Marinha lembrou uma prece cristã, em que o rei bíblico Davi conversa com Deus, na passagem conhecida como “Oração do rei Davi ao Senhor”.
O vice-presidente Michel Temer esteve na cerimônia em nome da presidente Dilma Rousseff e disse que a morte dos militares é algo que "mexeu com todo o país". “Mais grave que as perdas materiais foram as perdas pessoais em função dos serviços prestados à Marinha Brasileira, os meus sentimentos e da presidente Dilma àqueles que foram e revelaram que em sua vida não temiam nada. Eles partiram sem medo e são exemplos para seus filhos, para a gloriosa Marinha, para todas as Forças Armadas e a todos os brasileiros. O povo brasileiro certamente lamenta suas mortes ”, disse.
O ministro Celso Amorim disse que os dois militares não serão esquecidos e que a base será reconstruída. “A perda é sempre uma separação, e essa não será esquecida, eu quero assegurar que estamos decididos, que reconstruiremos a base em homenagem a esses dois heróis que tombaram em cumprimento do dever”, declarou.
O almirante-de-esquadra Moura Neto destacou a "bravura" dos homenageados. “Tal incêndio que consumiu a estação e quase a reduziu as cinzas nos traz hoje a esse momento de profundo pesar. O militar Carlos Alberto, por onde passou, era referência de exatidão para com os seus. Durante trinta anos serviu, entrou em 1982 na Marinha, em Salvador, serviu no Amazonas e aqui no Rio de Janeiro. Santos iniciou sua carreira em Santa Catarina e teve uma vida de exatidão na carreira militar. A nossa instituição também chora, porque sabe que perdeu dois heróis”, disse o almirante.
Os militares homenageados foram promovidos. Roberto Lopes ficou como primeiro-sargento, e Carlos Alberto Vieira, como segundo-tenente. Eles receberam as medalhas de honra da Ordem ao Mérito da Defesa no grau de comendador e a medalha Naval por Serviços Distintos. Santos será enterrado no cemitério do Caju, no Rio de Janeiro. Carlos Alberto será sepultado em Vitória da Conquista (BA). Ainda não se tem a data dos enterros devido aos trâmites oficiais para a realização dos mesmos.
Incêndio
O incêndio na estação Comandante Ferraz aconteceu na madrugada de sábado (25). Segundo a Marinha do Brasil, um incêndio na "praça de máquinas", local onde ficam os geradores de energia da base, causou uma explosão. O fogo destruiu toda a estação, de 2.600 metros quadrados.
Devido às condições meteorológicas adversas na região, o chefe da estação e os integrantes do Grupo-Base, que permaneceram na base combatendo o incêndio, foram transferidos para a base chilena Eduardo Frei.
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