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Inspirada em UPP do Rio, polícia ocupa bairro de Curitiba, e moradores aprovam

Governo do Estado do Paraná inspira-se em UPPs do Rio e ocupa bairro em Curitiba - Giovani Santos/Divulgação
Governo do Estado do Paraná inspira-se em UPPs do Rio e ocupa bairro em Curitiba Imagem: Giovani Santos/Divulgação

Rafael Moro Martins

Do UOL, em Curitiba

03/03/2012 06h00

A polícia irá manter a ocupação de parte do Uberaba, bairro da zona leste de Curitiba, pelos próximos dez dias, segundo informou nesta sexta-feira (2) o secretário da Segurança Pública, Reinaldo de Almeida Cesar. Depois disso, a intenção é colocar no local 60 soldados da Polícia Militar treinados para realizar policiamento comunitário.

A ação, a primeira do programa que o governo do Estado batizou de Unidade Paraná Seguro (UPS), é inspirada nas UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) implantadas nos morros cariocas. “Não é uma operação de caráter midiático. O foco não foi prender pessoas ou apreender drogas e armas, mas retomar território, garantir segurança aos moradores e levar serviços públicos”, disse Almeida Cesar.

Segundo o governo, desde o início da operação, na manhã desta quinta (1º), 450 homens das polícias Militar e Civil e 115 da Guarda Municipal de Curitiba ocupam pontos estratégicos do bairro, considerado pelo governo o mais violento da capital. Desde o início da operação, os policiais realizaram 2.537 abordagens e vistoriaram 1.900 veículos que circulam por regiões como Vila União e Jardim Icaraí, bolsões de pobreza onde são frequentes disputas entre traficantes de drogas. Em outubro de 2009, após um carro de som percorrer ruas das duas comunidades anunciando um toque de recolher, traficantes chacinaram oito pessoas –outras duas ficaram feridas.

Moradores aprovam

"Os moradores estão satisfeitos. Mas se eles [policiais] saírem não resolve nada. Dedetizar a casa só uma vez na vida não mata todos os cupins”, disse ao UOL Altair Góis, líder comunitário na Vila União –bairro que surgiu de uma ocupação irregular iniciada há 14 anos. Desde o início da operação, ele se acostumou a ser revistado por policiais cada vez que sai da localidade. “Para o cidadão de bem, isso não incomoda”, garantiu.

Dono de uma farmácia na rua principal do bairro --a mesma onde ocorreu a chacina de 2009--, Antonio Sampaio está satisfeito com a presença da polícia no bairro. “É algo de que precisávamos há muito tempo.” Apesar da fama de violência do bairro onde vive e trabalha, ele conta que nunca foi assaltado desde que abriu a farmácia, há sete anos. “Só o que houve foram uns três arrombamentos, durante a noite”, relata. “O problema maior, por aqui, são as mortes relacionadas ao tráfico de drogas. Isso, agora, deve diminuir. Tomara que acabe. Mas para isso é preciso que a polícia fique”, afirmou Sampaio.

Uma funcionária de um mercado da região, que prefere não ser identificada, concorda. “Já sofremos alguns assaltos, mas o que causa insegurança é a presença dos traficantes, sempre andando pelas ruas. Eles não incomodam os moradores, mas sempre fica o medo de um novo confronto”, falou. "Com a polícia por aqui, tudo deve melhorar. Mas espero que não seja só por uma semana, para servir de propaganda. O que queremos é que essa atenção continue”, disse ela. “Senão, será como antes, quando éramos assaltados e esperávamos 40 minutos, uma hora pela chegada da polícia.”