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Paralisação de transportadores de combustíveis em Minas Gerais é suspensa até segunda-feira

Rayder Bragon

Do UOL, em Belo Horizonte

08/03/2012 17h07

A paralisação de transportadores de combustíveis em Minas Gerais foi suspensa na tarde desta quinta-feira (7), depois de uma reunião ter sido agendada para a próxima segunda-feira (12) entre a categoria e representantes da Secretaria de Estado da Fazenda de Minas Gerais.

Segundo o Sindicato dos Transportadores de Combustível e Derivados de Petróleo de Minas Gerais (Sindtanque), o movimento tinha se iniciado a zero hora de hoje e seria por prazo indeterminado em razão de aumento da alíquota do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) sobre o óleo diesel. O percentual, que era de 12%, passou para 15% em janeiro deste ano.

Conforme o sindicato, o aumento estaria onerando o custo dos transportes. A categoria pleiteia a redução da alíquota para o patamar anterior. “Caso as negociações com o governo estadual não avancem, não está descartada a retomada da paralisação”, trouxe nota do sindicato.

“Efeito São Paulo”

Consumidores de Belo Horizonte ouvidos pelo UOL em postos de gasolina ao longo da avenida Tereza Cristina, região noroeste da capital mineira, demonstraram receio de se repetir em Belo Horizonte o desabastecimento de combustíveis que ocorreu nos últimos dias em São Paulo.

Em todos os postos de combustíveis, segundo os responsáveis, ainda não há escassez do produto, mas se a situação perdurasse até o próximo fim de semana, o cenário tenderia a piorar. O técnico em informática Rogério Luiz de Aguiar, 34, afirmou ter ido ao posto depois que soube da paralisação dos transportadores.

“Eu preciso do carro para trabalhar. Fiquei preocupado com o que ocorreu em São Paulo e tive receio de aqui ficarmos sem gasolina e com um possível aumento de preço, como ocorreu lá”, disse. Segundo ele, a autonomia gerada pelo tanque cheio lhe garante uma semana sem susto.

O gerente do local onde ele abasteceu o veículo disse que a procura na manhã de hoje foi 10% acima do normal. “Eu vendo 7.000 litros das 6h às 14h. Hoje, esse volume teve um acréscimo de 10%”, informou Santos Ramos de Andrade, que revelou ter ouvido dos clientes o temor de a cidade passar por um desabastecimento de combustíveis. Andrade disse ter estoque até o próximo sábado.

A psicóloga Joana D’arc, 56, antecipou em um dia a rotina de abastecer o seu veículo.
“Eu sempre abasteço na sexta-feira, mas como fiquei sabendo da paralisação, resolvi fazer isso hoje”, disse. Conforme o gerente Anderson Costa, a procura por combustíveis no local aumentou nesta manhã.

Sem restrição por enquanto

“Eu ouvi de muitos (clientes) que eles estão com medo de aqui ficar igual a São Paulo. Outros já falam que estão se antecipando a um possível aumento de preço, como os que ocorreram em São Paulo”, disse, para complementar afirmando não ter conseguido receber combustíveis nesta quinta-feira.

Já Wellerson Diego, chefe de pista de um posto da Petrobras, disse ter percebido que a maioria das pessoas passou a completar os tanques dos carros durante a manhã. “Não conseguimos receber combustível hoje. Se isso se prolongar até amanhã, vamos ter que fazer remanejamento dos carros nas bombas”, afirmou.

A assessoria do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de Minas Gerais (Minaspetro), que representa os donos de postos de combustíveis, informou que a entidade vai acompanhar as negociações.

“Para amenizar o problema de desabastecimento dos postos revendedores, o Minaspetro solicitou à BHTrans (empresa que gerencia o tráfego em Belo Horizonte) que autorize a circulação dos caminhões transportadores de combustíveis, em qualquer horário, onde há restrição, enquanto perdurar esta situação. A solicitação foi aceita e, excepcionalmente hoje, os caminhões terão livre acesso na capital”, informou nota emitida pelo sindicato.

São Paulo

Os caminhoneiros autônomos de São Paulo também paralisaram o abastecimento de combustível na cidade, mas por outro motivo. Na segunda-feira (5), eles passaram a ser proibidos de circular na marginal Tietê e em 27 importantes vias da capital, entre as 5h e as 9h e das 17h às 22h.

A restrição foi decidida no ano passado, mas apenas na última segunda as multas começaram a ser aplicadas –o que motivou uma paralisação dos caminhoneiros liderados pelo Sindicam (Sindicato dos Transportadores Autônomos de Bens do Estado). A paralisação em São Paulo foi encerrada na noite desta quarta-feira.

Com o desabastecimento na capital paulista, postos que ainda tinham o produto aproveitaram para subir os preços. Em um deles, o litro da gasolina comum passou a ser cobrado por R$ 4,49, e a gasolina aditivada, por R$ 4,99.