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Após 5 mil faltas, Alagoas abre processo para exonerar servidor que não vai ao trabalho desde 1992

Carlos Madeiro

Do UOL, em Maceió

12/03/2012 18h52

Um servidor da Secretaria de Defesa Social de Alagoas foi notificado no Diário Oficial do Estado desta segunda-feira (12) para que apresente defesa por escrito, dentro dos próximos 15 dias, que justifique suas constantes ausências no trabalho.

O detalhe que chama a atenção é que, segundo o inquérito administrativo que pede a sua exoneração, o funcionário público não comparece ao trabalho desde 1992. Nesse período, levando em conta os cerca de 250 dias úteis do ano, o servidor acumula cerca de 5.000 faltas ao serviço.

Segundo o edital de citação, o servidor identificado como José Olímpio da Silva deveria exercer a função de motorista, mas não compareceu ao trabalho nos últimos 20 anos. Em dezembro de 2011, um inquérito administrativo disciplinar foi aberto pedindo sua exoneração, mas desde então o servidor não foi encontrado para ser notificado e apresentar defesa no processo.

“Por se encontrar em lugar incerto e não sabido, mandou a Sra. Presidenta publicar o presente edital de citação por três dias consecutivos, para que compareçam no prazo de 15 dias a contar da última publicação”, diz o texto do edital, sem citar até quando o servidor recebeu salários.

Segundo o Regime Único dos Servidores de Alagoas, o abandono de emprego é passível de demissão quando configurado em duas situações: ausência ao serviço por mais de 15 dias consecutivos ou falta por mais de 30 dias alternados durante 12 meses.

Na publicação desta segunda-feira, a Primeira Câmara Isolada da Comissão Permanente de Processo Administrativo Disciplinar da Secretaria de Estado da Gestão Pública alega que o servidor “encontra-se sem frequência no seu órgão de origem desde o ano de 1992.”

Assim como as secretarias de Alagoas tentaram nos últimos meses, a reportagem do UOL não conseguiu localizar o servidor acusado de abandonar o emprego.

Outro lado

Em nota encaminhada ao UOL, a Secretaria de Estado da Gestão Pública explicou que o pedido de exoneração faz parte de um processo administrativo disciplinar instaurado ainda em 1992, na própria Secretaria de Estado da Defesa Social. A nota explica que o processo chegou ao seu âmbito administrativo apenas no ano passado, "percorrendo os trâmites previstos para o caso em questão e que é missão deste ente público dar continuidade ao processo, independente do lapso temporal."

O órgão afirmou ainda que o servidor teve seu salário suspenso imediatamente à instauração do processo, ainda em 1992. A nota não explica, porém, a demora para que o processo fosse analisado pelos órgãos por onde passou.