Topo

Sucuri é vítima de maus-tratos no interior de São Paulo; Polícia Civil investiga

José Bonato

Do UOL, em Ribeirão Preto (SP)

23/05/2012 12h12

A Polícia Civil de Rosana (749 km de São Paulo) abriu inquérito para investigar crime de maus-tratos contra uma sucuri de aproximadamente seis metros de comprimento. O crime foi descoberto porque as fotos da captura do animal foram postadas no Facebook, o que levou o fato ao conhecimento da Polícia Ambiental, no último domingo (20).

Nas fotos postadas na rede social, o animal aparece com uma corda amarrada no pescoço e com o comentário “Aqui a gente não pesca piapara, pesca sucuri”. O autor da captura é o funcionário público Rubens Lima de Macedo. Além do crime de captura e maus-tratos, previstos na Lei de Crimes Ambientais, o acusado vai pagar multa de R$ 1.500. Ele não foi encontrado pela reportagem do UOL para comentar o caso.

De acordo com Luiz Henrique Martinhão Broinizzi, 44, sargento da Polícia Ambiental de Presidente Prudente (558 km de São Paulo), o suspeito precisou contar com a ajuda de outras pessoas para dominar a sucuri, mas assumiu, sozinho, a responsabilidade criminal pela captura da serpente.

"Sozinho ninguém domina uma animal desse. São necessárias pelo menos quatro pessoas. A sucuri tem uma força enorme, capaz de matar um animal grande. Para imobilizá-la, a gente utiliza uma forquilha, na região do pescoço, luvas de raspa e uma gaiola. É preciso treino para a captura.”

A veterinária Cristiane Bilheiro Portela Maia, 33, atestou em laudo, com base nas fotos, que a cobra foi maltratada. “Ela foi retirada de seu habitat natural sem nenhuma justificativa e arrastada quilômetros por um barco. Isso configura uma situação de estresse”, disse.

Medo da cobra

De acordo com a veterinária, o animal vivia em ilhas existentes na junção dos rios Paraná e Paranapanema, na divisa entre São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul. Depois de capturada, a cobra foi solta na praia do balneário de Rosana e deixada ali mesmo.

“Agora ela está fora do habitat dela e corre o risco de morte porque as pessoas que frequentam o balneário estão com medo. As fotos divulgadas no Facebook geraram uma situação de fobia na população”, disse.

O delegado Adilson de Carvalho, 47, titular da delegacia de Rosana, afirmou que vai investigar a prática dos crimes de captura e maus-tratos, cuja punição está prevista na Lei de Crimes Ambientais e não ultrapassa um ano de prisão.

Carvalho diz que é a primeira vez que investiga um crime cometido contra uma cobra. “Normalmente por aqui os crimes contra a fauna mais praticados são pesca ilegal e abate de capivaras.”