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Em dez anos, população que se autodeclara negra aumenta, e número de brancos cai

Débora Melo

Do UOL, em São Paulo

29/06/2012 10h00

Embora a população que se autodeclara branca ainda seja maioria no Brasil, o número de pessoas que se classificam como pardas ou pretas cresceu, enquanto o número de brancos caiu. É o que mostra um novo volume do Censo Demográfico de 2010, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgado nesta sexta-feira (29).

O percentual de pardos cresceu de 38,5%, no Censo de 2000, para 43,1% (82 milhões de pessoas) em 2010. A proporção de pretos também subiu de 6,2% para 7,6% (15 milhões) no mesmo período. Por outro lado, enquanto mais da metade da população (53,7%) se autodeclarava branca na pesquisa feita dez anos antes, em 2010 esse percentual caiu para 47,7% (91 milhões de brasileiros).

De acordo com Jefferson Mariano, analista socioeconômico do IBGE, essa inversão faz parte de uma mudança cultural que vem sendo observada desde o Censo de 1991. “Muitos que se autodeclaravam brancos agora se dizem pardos, e muitos que se classificavam como pardos agora se dizem pretos. Isso se deve a um processo de valorização da raça negra e ao aumento da autoestima dessa população”, diz.

População brasileira

  • 91 milhões

    de brancos

     

  • 82 milhões

    de pardos

     

  • 15 milhões

    de pretos

     

  • 2 milhões

    de amarelos

     

  • 817 mil

    indígenas

     

    O analista, no entanto, afirma que “o Brasil ainda é racista e discriminatório”. “Não é que da noite para o dia o país tenha deixado de ser racista, mas existem políticas. As demandas [da população negra], a questão da exclusão, tudo isso começou a fazer parte da agenda política. A cota racial em universidades, por exemplo, é um desdobramento disso”, afirma Mariano.

    A distribuição por raça entre os Estados refletiu padrões históricos de ocupação e movimentos relacionados à dinâmica econômica, segundo o IBGE. A maior proporção de brancos, por exemplo, é observada na região Sul do país: Santa Catarina (84%), Rio Grande do Sul (83,2%) e Paraná (70,3%). Já a população de pardos é mais comum no Nordeste e no Norte (com destaque para o Pará, com 69,5% de pardos), enquanto os pretos estão mais presentes nos Estados da região Nordeste, principalmente na Bahia, onde 17,1% se autodeclararam pretos (2,4 milhões de pessoas).

    O segundo Estado com o maior número de pessoas que se dizem pretas, no entanto, está na região Sudeste: o Rio de Janeiro tem 12,4% de pretos, o que corresponde a 2 milhões de pessoas. No Estado de São Paulo, a maioria se classificou como branca (63,9%), seguida pela população parda (29,1%) e preta (5,5%).

    O Censo 2010 mostra ainda que também cresceu a proporção de brasileiros que se autodeclaram amarelos, de 0,5% para 1,1% (cerca de 2 milhões). De acordo com o IBGE, são da raça amarela as pessoas de origem oriental (japonesa, chinesa ou coreana, entre outras). O percentual de indígenas se manteve em 0,4% (817 mil pessoas, sendo que 60,8% estavam concentradas em áreas rurais) --segundo o instituto, essa classificação é aplicável tanto aos indígenas que vivem em terras indígenas quanto àqueles que vivem fora delas.