Em 20 dias, 17 ônibus e 11 bases são atacadas em SP; 30 PMs e suspeitos são mortos
Os números da onda de violência que atinge São Paulo, que já dura 20 dias, não param de crescer: até a tarde desta terça-feira (3), 17 ônibus foram incendiados no Estado e 11 bases de forças de segurança --dez da Polícia Militar e uma da Guarda Civil Municipal-- foram atacadas a tiros. A maior parte dos ataques ocorreu na Grande São Paulo, mas há registros em cidades do interior e do litoral.
O levantamento foi feito com base em notícias publicadas na imprensa. A Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo não está contabilizando os números da onda de violência. A reportagem solicitou dados à assessoria de imprensa da PM, mas ainda não obteve um retorno.
No total, a onda de violência já fez pelo menos 30 vítimas: o número inclui sete policiais militares mortos fora de serviço; 13 pessoas mortas em chacinas com indícios da atuação de grupos de extermínio; e outros dez suspeitos mortos em confronto com a PM, segundo a própria corporação.
A PM diz que quatro destes suspeitos participaram de homicídios de policias militares e foram mortos em confrontos com a polícia. No total, 34 pessoas foram presas acusadas de participação em homicídios de PMs.
A Corregedoria da PM e o DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) investigam se as chacinas foram uma ação de policiais em resposta às morte dos colegas. Também existe a suspeita de que grupos estejam aproveitando a escalada de violência para matar criminosos rivais.
Segundo levantamento da Folha de S. Paulo, o número de homicídios nos finais de semana triplicou após o início da onda de violência.
Últimos casos
Os ataques e crimes distribuem-se por várias regiões da Grande São Paulo, mas concentram-se nas zonas leste e sul da capital, além de municípios adjacentes, como Taboão da Serra e Ferraz de Vasconcelos.
LOCAIS DOS ATAQUES
No interior, a casa de um PM foi furtada e incendiada em Itapeva, na madrugada de ontem (2). Em Itapetininga, criminosos dispararam contra uma base e um carro da PM depois de explodirem dois caixas eletrônicos. Em Pirapora do Bom Jesus, na Grande São Paulo, uma base da Guarda Civil Municipal foi atacada a tiros. Desde sexta (29), ônibus foram incendiados nos bairros de Cangaíba (zona leste da capital) e Jardim Ângela (zona sul), e nas cidades de Ferraz de Vasconcelos e Guarulhos.
No sábado (30), um policial militar foi morto dentro do carro na região da Freguesia do Ó, durante um suposto assalto.
Nas madrugadas de ontem e hoje, quatro suspeitos morreram em dois casos de troca de tiros com a Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), ambos ocorridos na avenida Sapopemba. Segundo a PM, nos dois casos os suspeitos dirigiam veículos roubados e entraram em confronto com os policiais.
Outros dois suspeitos morreram em condições semelhantes em São Bernardo do Campo, região do ABC, e no Grajaú, na zona sul.
PCC
As investigações não descartam a possibilidade de que os ataques sejam uma represália da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) a uma operação da Rota em maio, no qual seis supostos integrantes do grupo morreram --um deles foi morto à queima roupa, após sofrer tortura. A polícia trabalha com a possibilidade de os ataques serem uma resposta à transferência de um dos chefes do PCC para outra penitenciária.
Os fatos recentes lembram a onda de ataques de maio de 2006, quando o PCC iniciou uma série de atentados em represália à transferência de seus principais líderes para presídios situados fora de São Paulo e também à implantação do RDD (Regime Disciplinar Diferenciado) nas cadeias do Estado. Na ocasião, cerca de 450 pessoas morreram no Estado, sendo 40 policiais.
A Polícia Militar informou que está realizando operações em todo o Estado, "com o objetivo de prevenir a ocorrência de atos ilícitos e de desordem por parte de infratores da lei, quer de forma isolada ou coletiva". Já a SPTrans --empresa que administra as cooperativas de transporte da capital-- informou que está em contato permanente com o comando da PM "para preservar a segurança dos usuários do sistema de transporte".
Já o secretário de Segurança Pública do Estado, Antonio Ferreira Pinto, disse em entrevista ao jornal “O Estado de S.Paulo” que a situação estava “sob controle”. Em meio à crise, o secretário foi a Buenos Aires para assistir à primeira partida da final da Taça Libertadores, disputada entre o time argentino Boca Juniors e seu time, o Corinthians. Ao jornal, Pinto confirmou que esteve na Argentina e disse que havia tirado licença oficial de dois dias para viajar.
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), afirmou na última quarta-feira (27) que aqueles que "enfrentarem a polícia vão levar a pior". "Os criminosos serão presos. E, se enfrentarem a polícia, vão levar a pior. Essa é a ordem, e o governo não retrocede um milímetro nesse trabalho", disse.
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