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Imagens mostram que morte de delegado em São Paulo foi "crime ocasional", diz polícia

Guilherme Balza

Do UOL, em São Paulo

31/08/2012 16h19Atualizada em 31/08/2012 18h05

O delegado Jorge Carrasco, chefe do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) de São Paulo, afirmou em entrevista coletiva nesta sexta-feira (31) que, embora a polícia não descarte qualquer hipótese para a morte do delegado Euclides Batista de Souza, 53, assassinado na noite da última quarta-feira (29), imagens de câmeras de segurança indicam que foi um "crime ocasional." 

A vítima foi morta com dois tiros no momento em que chegava em casa, na Vila Taquari, região de Itaquera (zona leste da capital). 

De acordo com o delegado, as imagens registradas mostram um carro trafegando em velocidade reduzida perto do local do crime e indicam que os homens apenas aguardavam alguma oportunidade para agir.

“O carro trafegava em velocidade não muito alta e desceram dois indivíduos. Tudo indica que foi um crime ocasional. A rua é tranquila e ele [delegado] acabou sendo escolhido naquele momento [para ser roubado].”

Questionado se o crime pode ter sido premeditado, Carrasco reafirmou que “nenhuma hipótese é descartada". "Primeiro pegamos os autores, depois descobrimos a motivação”, disse.

Souza foi abordado por dois homens enquanto abria a porta da garagem. Segundo Carrasco, ele empurrou um deles e tentou sacar uma pistola, mas foi baleado antes e caiu. O policial foi atingido por um disparo nas costas e outro na cabeça. Ele foi levado para o Hospital Santa Marcelina, mas não resistiu e morreu. Nada foi roubado.

“Quando ele embicou o carro, um Gol passava na rua, em velocidade mais lenta. Dessa imagem se depreende que os dois indivíduos estariam nesse carro, que depois vai até o final da rua”, disse o delegado. “Pelas imagens se depreende que foi anunciado um assalto. Temos imagens que ele sacou sua arma e por isso foi baleado. Todos os detalhes estão sendo investigados.”

Embora o DHPP não descarte nenhuma hipótese, Carrasco negou que a morte tenha alguma ligação com as investigações chefiadas pelo delegado, que trabalhava no departamento havia 30 anos. Souza era o responsável pela Divisão de Proteção à Pessoa e investigava uma rede de pedofilia. 

“Ele era um policial muito competente e uma pessoa muito querida aqui”, disse Carrasco, que é da mesma equipe de Souza. O chefe do DHPP afirmou "desconhecer que ele [Souza] tenha inimigos.”

  • Eduardo Anizelli/Folhapress

    O delegado Euclides Batista de Souza do DHPP foi morto quando chegava em casa, na zona leste

Suspeitos

Carrasco afirma já ter outras pistas e acredita que, ainda hoje, os responsáveis sejam detidos. "Nas próximas horas teremos novidades." 

Quatro suspeitos de envolvimento no crime foram detidos ontem, ouvidos e liberados porque, segundo a polícia, não havia prova contra eles. Dos quatro, três teriam ajudado a socorrer a vítima, de acordo com Carrasco. A polícia chegou ao quarto suspeito após receber a informação de que uma vítima baleada na perna estava sendo atendida no hospital Tupi, na mesma região do crime.

O suspeito, que tem passagens pela polícia, teria participado do roubo de uma moto e se ferido com um disparo acidental. Ele foi liberado após a vítima do roubo não reconhecê-lo como o autor do crime.

Investigações

Segundo o delegado, as imagens do crime foram divulgadas para que a polícia possa obter informações dos suspeitos via disque-denúncia. 

A polícia diz ter recolhido imagens de câmeras de toda a redondeza. Várias equipes do DHPP estão trabalhando nas investigações, segundo Carrasco.

Este é o terceiro delegado a ser morto neste ano --o segundo apenas neste mês. “Cada caso é um caso, não posso neste momento interligar os casos”, finalizou Carrasco.