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Direção de hospital admite erro que causou morte de paciente escritor em Curitiba

Rodrigues, 37, foi vítima de erro humano em Curitiba - Dimitri do Valle/UOL
Rodrigues, 37, foi vítima de erro humano em Curitiba Imagem: Dimitri do Valle/UOL

Talita Boros

Do UOL, em Curitiba

05/10/2012 11h06

O erro de um funcionário causou a morte do paciente João Carlos Siqueira Rodrigues, 38, no Hospital Universitário Evangélico de Curitiba. A confirmação pela direção da instituição, através de uma nota oficial, foi divulgada na manhã desta sexta-feira (5).

De acordo com o documento, o relatório final da sindicância apontou um ato falho de um profissional da equipe do hospital, que teria desligado o aparelho respirador. "O referido profissional foi desligado do hospital. A direção lamenta o erro humano e ratifica sua solidariedade e integral apoio à família”, diz trecho da nota.

Rodrigues morreu no dia 28 de agosto após quatro anos e quatro meses internado. Ele sofria de uma doença neuromuscular degenerativa, que o fez perder o movimento dos músculos e passar a respirar com a ajuda de aparelhos, mas apresentava um quadro de saúde estável.

Ao saber da morte do filho, a mãe do paciente teve um infarto fulminante e também morreu. Durante o tempo em que esteve no hospital, ele casou e também escreveu o livro “O Caçador de Lembranças”, que falava sobre sua doença.

O livro

O trabalho somente foi possível devido ao trabalho de Sandra Cristina de Moraes, 40, a única acompanhante de Rodrigues. Quem espera encontrar drama e lágrimas na obra pode se surpreender com a principal mensagem do livro, disse Rodrigues, durante entrevista ao UOL em maio de 2011, no quarto 646 do Hospital Evangélico.

"Não desista, acredite em si mesmo", afirmou o paciente ao UOL, no ano passado, com voz baixa, quase aos sussurros, devido ao uso de um tubo de oxigênio inserido na base do pescoço que mantinha sua respiração 24 horas por dia.

Rodrigues contou que havia decidido escrever para colocar no papel como era sua rotina hospitalar, além de relatar toda a sua vida, marcada pela paixão por carros antigos, como o Opala e o Maverick, e um intenso histórico de trabalho semelhante ao de muitos brasileiros.

Seus planos eram de que a venda do livro custeasse o salário de uma segunda acompanhante no quarto. As 1.100 cópias foram feitas com a ajuda de um paciente que conheceu no hospital e resolveu ajudá-lo na empreitada para imprimir a obra.