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Buscas por Eliza tiveram de esvaziamento de lagoa a carta com localização 'ditada em sonho'

Sônia de Fátima Moura, mãe de Eliza Samudio, segura envelope de carta que, segundo ela, indicaria o local onde está o corpo da filha - Rayder Bragon/UOL
Sônia de Fátima Moura, mãe de Eliza Samudio, segura envelope de carta que, segundo ela, indicaria o local onde está o corpo da filha Imagem: Rayder Bragon/UOL

Rayder Bragon

Do UOL, em Belo Horizonte

10/11/2012 06h00

As buscas feitas pela Polícia Civil mineira, ao longo da investigação sobre o sumiço da ex-amante do goleiro Bruno, incluíram, além do sítio que pertencia ao jogador, a checagem de um local indicado por uma pessoa que teria “sonhado” com ele, além da proposta, não levada adiante, de esvaziamento de uma lagoa localizada em Ribeiro das Neves (região metropolitana de Belo Horizonte).

Em julho de 2010, no auge das investigações sobre o paradeiro da moça, bombeiros e policiais civis foram até a Lagoa Suja, na divisa entre as cidades de Contagem e Ribeirão das Neves, com informações feitas por meio de denúncia anônima de que o corpo de Eliza teria sido jogado no local.

Com barcos e cães farejadores, os militares, por dois dias, vasculharam a lagoa e as matas no entorno dela. Em dado momento, o comandante da operação cogitou o esvaziamento da lagoa, que era artificial, na tentativa de acelerar os trabalhos.

No entanto, a ideia não vingou porque o local era particular e haveria a necessidade de um mandado judicial, além de estudos de viabilidade do escoamento da água contaminada da lagoa. Apesar das buscas, o corpo não foi localizado no local.

No mesmo ano, por conta de uma investigação do serviço de inteligência da Polícia Civil mineira, policiais e bombeiros militares fizeram buscas na Lagoa do Nado, localizado dentro de um parque de preservação ambiental, na região da Pampulha, na capital mineira. A busca foi semelhante à feita na Lagoa Suja, porém sem a proposta de esvaziá-la. Nada foi encontrado.

Cães rottweiller

Ainda no curso das investigações daquele ano, a casa do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, foi vasculhada pela polícia, sendo que o local era apontado como o palco da morte da ex-modelo com requintes de filme de terror.

Uma versão apresentada informou que, depois de ser morta por estrangulamento e ter o corpo esquartejado, partes dele teriam sido jogados para cães da raça rottweiler. Os animais foram apreendidos e submetidos a uma perícia, que nada encontrou. Ao menos seis dos animais morreram em um centro de zoonoses, de acordo com depoimento de Bola. 

Paredes do imóvel foram perfuradas, houve a notícia do encontro de uma parede falsa, que não se confirmou. Técnicos do Departamento de Geologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) auxiliaram os trabalhos dos peritos da polícia com um aparelho utilizado em varredura de solos e concretos, semelhante a um aparelho de raio-X.

Além dessa tecnologia, foram utilizados cães farejadores do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais. A residência foi alvo de novas buscas, mas desta vez feitas em agosto de 2010 pelo perito George Sanguinetti, contratado pela defesa de Bola.

Corpo carbonizado

A intenção era a de desqualificar a acusação feita pela polícia mineira de que o local teria sido usado para matar Eliza. O legista afirmou não ter encontrado vestígios da moça na moradia.

Ainda em 2010, outro local alvo de buscas foi um sítio do ex-policial que era usado para treinamento militar. A área, situada em Esmeraldas (região metropolitana de Belo Horizonte). À época, a polícia informou não ter encontrado pistas do paradeiro da jovem.

Aventou ainda a possibilidade de um corpo carbonizado, encontrado em junho de 2010, na cidade de Cachoeira Paulista (SP), ser o da moça desaparecida. No entanto, a hipótese foi descartada pelo trabalho da perícia da polícia paulista, que atestou se tratar de um homem.

Pista falsa

  • Carro da Polícia Civil chega a condomínio em Esmeraldas (MG) para conferir denúncia anônima sobre localização do corpo de Eliza

Mais recentemente, neste ano, Sônia de Fátima Moura disse ter recebido a localização do corpo da filha por meio de uma carta. O conteúdo dela foi repassado à polícia que chegou a iniciar investigação sobre o local, mas o abandonou em razão da fragilidade da origem da carta, que teria sido baseada em um sonho do autor dela.

O local em questão seria um poço artesiano desativado localizado no bairro Planalto, região norte de Belo Horizonte. A polícia fez levantamentos preliminares no local e descartou a possibilidade de o corpo ter sido depositado no poço.

Carro e sítio periciados

Em 2010, na busca por indícios para montar o quebra-cabeça do inquérito policial, peritos atestaram que sangue encontrado em uma Land Rover, modelo Range Rover, era de Eliza Samudio. O carro, que pertencia ao goleiro, foi apreendido nas proximidades do sítio de propriedade do jogador, em Esmeraldas (MG), durante uma blitz, por causa de documentação irregular.

Segundo a investigação, o carro serviu para transportar Eliza do Rio de Janeiro para o sítio. O local, de acordo com as investigações, serviu de cativeiro para Eliza e o filho que ela teve com Bruno.

A propriedade foi vasculhada ao menos por três vezes pelos investigadores, que não encontraram o corpo da moça, mas localizaram objetos que teriam pertencido a ela. A última incursão policial ocorreu em agosto deste ano.

O imóvel também serviu, ainda em 2010, de palco para uma reconstituição com a participação de Sérgio Rosa Salles, primo de Bruno, e que concordou em colaborar com a polícia.polícia.

Sem informações relevantes

A advogada Maria Lúcia Borges Gomes, que representa a mãe de Eliza Samudio, disse que ultimamente a Polícia Civil mineira não repassou a ela nem a sua cliente informação sobre as investigações para tentar localizar o corpo de Eliza.

Já o delegado Wagner Pinto, chefe da Delegacia de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), informou que a polícia não tem atualmente em curso nenhuma investigação sobre o paradeiro da ex-amante do goleiro.

"Os elementos que tínhamos para localizar o cadáver da Eliza Samudio já foram esgotados. Se surgir algum fato novo ou uma informação relevante, nós podemos abrir uma linha de investigação nesse sentido", disse o policial.