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Comandante da PM em Duque de Caxias (RJ) é afastado após operação que investiga policiais e traficantes

Policiais cumprem 83 mandados de prisão contra 65 PMs e 18 supostos traficantes no Rio - Fernando Quevedo/Agência O Globo
Policiais cumprem 83 mandados de prisão contra 65 PMs e 18 supostos traficantes no Rio Imagem: Fernando Quevedo/Agência O Globo

Felipe Martins

Do UOL, no Rio

04/12/2012 13h43

A Operação Purificação desencadeada nesta terça-feira (4) no Rio de Janeiro provocou a queda do comandante do 15º Batalhão da Polícia Militar em Duque de Caxias (Baixada Fluminense), Claudio de Lucas Lima.

Uma força tarefa envolvendo órgãos estaduais, federais e o Ministério Público cumpre 83 mandados de prisão e 112 mandados de busca e apreensão contra policiais militares e supostos traficantes. Ao todo, são 65 mandados contra PMs e 18 contra pessoas suspeitas de serem traficantes.

A operação é realizada na Baixada Fluminense e em outros locais do Estado e busca prender acusados de envolvimento com o Comando Vermelho, a principal facção que comanda o tráfico de drogas do Rio.

Até o momento, 60 policiais militares e 11 suspeitos foram presos. Todos os PMs envolvidos são oriundos do 15º BPM (Duque de Caxias).

O comandante da PM, coronel Erir Costa Filho, anunciou o afastamento de Lima em entrevista coletiva realizada no Quartel General da PM, no centro do Rio.

“Se ele não fiscalizou ou não procurou saber, não tem condições de permanecer no comando do batalhão", disse Costa Filho.

As investigações começaram em abril deste ano.  A Secretaria de Segurança suspeitou do elevado índice de criminalidade no município de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.

Por meio do aprofundamento das investigações, foi detectado um esquema de corrupção envolvendo policiais militares e traficantes de drogas ligados à facção criminosa Comando Vermelho da comunidade Vai quem Quer, em Duque de Caxias.

Segundo as investigações, os PMs cobravam R$ 2.500 de cada veículo do GAT (Grupamento de Ações Táticas) pelo “arrego”, ou seja, para não coibir o tráfico.

Quando o valor não era pago, os policiais agiam em retaliação sequestrando traficantes e pedindo resgate. Os valores não foram divulgados.

Os investigados foram denunciados pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) pelos crimes de crimes de formação de quadrilha armada, tráfico de drogas, associação para o tráfico, corrupção ativa, corrupção passiva e extorsão mediante sequestro. Além disso, o Gaeco também requereu à Justiça o bloqueio integral do dinheiro nas contas correntes de dois denunciados.

Apelidos e até dicionário próprio

A força-tarefa revelou também que, como forma se protegerem, os policiais militares denunciados criaram apelidos coletivos para as equipes. “Martelo”;  “Rio do Ouro”; “Bonde do Chininha”; “Bonde do King Kong”; “Macumba” e “Munição” eram alguns dos codinomes. Além disso, para  facilitar a comunicação entre as partes, traficantes e PMs também teriam montado um “dicionário próprio”: “Sintonia”, por exemplo, seria a expressão de traficantes e policiais para designar o acordo de não interferência nas atividades ilícitas; "guerra" designaria a repressão ao tráfico de drogas e entorpecentes), e "pequenos" seria o nome para os carros da polícia do modelo Logan.