Advogado nega homofobia em agressão em Pinheiros; dupla é transferida para Osasco (SP)
O advogado dos dois jovens presos na noite de segunda-feira (2) após agredirem um estudante de direito em Pinheiros (zona oeste de São Paulo) afirmou nesta quinta-feira (5) que não houve homofobia.
“Não tem absolutamente nada de homofobia. Não tem como saber a opção sexual de alguém que está atravessando a rua”, disse o defensor do personal trainer Diego Mosca Lorena de Souza, 29, e do estudante de logística Bruno Paulossi Portieri, Joel Cordaro.
Os dois foram presos em flagrante e indiciados por tentativa de homicídio de André Cardoso Gomes Baliera, 27. Hoje, eles foram transferidos da carceragem do 91º DP (Ceasa) para o CDP (Centro de Detenção Provisória) de Osasco (Grande SP).
André Cardoso Gomes Baliera, 27, disse que foi agredido após discutir com dois jovens que o chamaram de "bicha" em Pinheiros, zona oeste de São Paulo, na segunda-feira (3)
De acordo com a Polícia Militar, Baliera voltava de uma farmácia a pé quando foi xingado pelos dois rapazes que estavam em um carro parado na esquina das ruas Teodoro Sampaio com a Henrique Schaumann.
Após Baliera revidar os insultos, Portieri e Souza desceram e lhe deram chutes e socos.
PMs que estavam perto do local detiveram os agressores e os levaram ao 91º DP, onde foram autuados em flagrante por tentativa de homicídio.
Baliera sofreu um corte na cabeça e ficou com hematomas. Ele foi levado a um hospital e liberado em seguida.
Cordaro afirmou que a discussão começou após os agressores pararem na faixa de pedestre. O estudante de direito teria mostrado o dedo do meio para os dois.
“O Bruno desceu do carro, discutiu com ele [Baliera], falou para ele ir embora e voltou. Nisso, ele pegou uma pedra e jogou no carro, só que a pedra não acertou no carro. O Diego, que estava dirigindo, entrou no posto de gasolina com o carro, desceu e foi falar com a vitima”, diz o advogado.
Ainda de acordo com o defensor, Baliera está se fazendo de “coitadinho”. “No próprio depoimento da vitima, ele fala que depois que quebraram o fone de ouvido dele, ele quebrou o óculos de um dos meus clientes. Ele está dando versão de que não fez nada, que é coitadinho, mas se ele não quisesse brigar, ele teria virado as costas e ido embora. Ele quis arrumar confusão”, disse Cordaro.
Protesto organizado para o sábado (8) no mesmo local onde o estudante foi agredido
Em entrevista ao jornal “O Estado de S.Paulo”, Baliera afirmou que estava voltando da farmácia , com fone de ouvido, quando Portieri mexeu com ele.
“Não consegui entender o que ele estava falando e tirei o fone. Ele disse: ‘Está olhando o que seu viado? Segue seu rumo sua bicha’”, afirmou a vítima ao jornal.
Na delegacia, Portieri e Souza disseram que a briga foi motivada por uma discussão de trânsito.
"O agredido apanhou, apanhou de besta. Se ele tivesse seguido o caminho dele não teria apanhado", disse Portieri a TV Record, no dia da agressão.
Cordaro entrou com um pedido de liberdade provisória e relaxamento de flagrante, já que os detidos são primários, têm residências fixas e trabalham.
“Não estou falando que eles estão certos, eles agrediram sim. Mas não existe crime de homofobia”, afirmou o advogado.
O caso está sendo investigado pelo 14º DP (Pinheiros).
Protesto
O projeto #EuSouGay lançou uma campanha contra homofobia e está organizando um protesto no mesmo local da agressão no próximo sábado (8), às 15h.
O evento #ChurrascãodasCabras no Facebook já tem mais 600 presenças confirmadas.
“(...) nada se compara à dor de quem sofre na pele a violência da intolerância e do ódio. Um ódio que, vale lembrar, não nasce com ninguém. É um ódio ensinado, às vezes por uma pessoa próxima, às vezes por uma revista semanal... Portanto, vai aqui uma convocação geral para quem tem amor no coração: Gays, Lésbicas, Bisexuais, Transexuais, Heterosexuais, Pansexuais e CABRAsexuais, está na hora de fazer esse ódio de churrasquinho”, diz a página do evento.
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