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Zona norte do Rio concentra bairros com maior necessidade de políticas públicas, diz estudo

Julia Affonso

Do UOL, no Rio de Janeiro

18/12/2012 13h33

O movimento Rio Como Vamos divulgou, na manhã desta terça-feira (18), 83 indicadores sobre a qualidade de vida na cidade do Rio de Janeiro. O estudo conclui que Complexo do Alemão, Inhaúma, Ramos e São Cristóvão, na zona norte, têm a maior urgência de políticas públicas da cidade. Nestes bairros, há as taxas mais altas de mortalidade infantil, pré-natal insuficiente, reprovação no ensino público fundamental, homicídio juvenil masculino e crimes sexuais.

"Houve um desinvestimento da economia da cidade na zona norte. Esta era uma região que vivia em torno de indústrias, que, no período mais agudo da violência, desapareceram, deixando a zona norte abandonada", explicou Rosiska Darcy Ribeiro, presidente do Rio Como Vamos.

São Cristóvão também apresenta os maiores números de vítimas fatais de homicídios culposos de trânsito --47 a cada cem mil habitantes--, e o Complexo do Alemão se tornou uma região crítica de surto de dengue. "Em 2006, o Complexo tinha uma baixa incidência de casos, que aumentaram muito nos últimos anos. De acordo com os dados, uma área bem cuidada pode ter sido deixada de lado", afirmou Rosiska.

A pesquisa cruzou dados da prefeitura, do Censo e do IBGE e constatou que crimes como homicídio doloso, lesão corporal seguida de morte e latrocínio diminuíram na maior parte da cidade entre 2009 e 2011. O número de homicídios de homens entre 15 e 24 anos diminuiu em 33 vezes em cinco anos. Em 2006, foram registrados 187 crimes a cada 100 mil habitantes, enquanto em 2011 a taxa caiu para 67. 

"Acredito que esses números estejam ligados à eficácia das UPPs e também a uma melhor política educacional. As pessoas estão estudando mais e deixando o crime de lado", explicou a presidente do movimento. "Nossos dados mostram os lugares onde há políticas eficazes e onde elas não chegam. Esse estudo deve servir para uma mudança de mentalidade dos cariocas e adoção de uma postura cidadã. Nós não somos apenas os assistidos pelo Estado, as vítimas. Os moradores da cidade têm que monitorar as políticas públicas e cobrar do Estado se elas não forem executadas.”

O estudo é composto por indicadores divididos sob os temas Saúde, Educacão, Violência, Trânsito e Meio Ambiente. Sobre a educação infantil, o movimentou constatou que a cobertura de creches é muito deficitária e que muitas crianças saem das regiões onde moram para ir à escola. 

"O Rio está em processo de arrumação e a população precisa ajudar. Como bons pagadores de impostos, nós temos direitos, mas também deveres. Um detalhe curioso da pesquisa é que 70% das pessoas dizem que o Rio é uma cidade suja. Se tanta gente reclama, quem joga o lixo? Nós mesmos", disse Rosiska. "O legado de cimento da Copa e da Olimpíada pode ser muito útil, mas o legado intangível, o cuidado que os moradores precisam aprender a ter com a cidade, é o mais importante.”