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Policial morre em explosão de paiol em Maceió; local armazenava dinamite

Carlos Madeiro

Do UOL, em Maceió

20/12/2012 20h59Atualizada em 21/12/2012 08h29

Uma policial morreu e outros quatro ficaram feridos em uma explosão na Deic (Divisão Especial de Investigação e Capturas), na Ladeira dos Martírios, no bairro Farol, região central de Maceió. O local funcionava como uma espécie de paiol, e armazenava uma grande quantidade de munição, segundo a polícia. Policiais ouvidos pela reportagem do UOL disseram que havia grande quantidade de dinamite apreendida com assaltantes de caixas eletrônicos. A explosão foi ouvida em um raio de pelo menos seis km de distância. 

Vídeo exclusivo mostra explosão em Maceió; assista

A policial morta foi identificada como Maria Amélia Dantas. Outros três policiais feridos foram resgatados dos escombros e levados para o Hospital Geral do Estado. Genival Maurício é o único que segue internado, mas está fora de perigo. No final da noite, ele recebeu a visita do governador Teotonio Vilela Filho (PSDB), que cancelou toda a agenda desta sexta-feira (21) para acompanhar as investigações do caso. Já os policiais Carlos César Silva, Amanda Daniela e Luiz César foram atendidos, medicados e liberados.

Oito carros --cinco dos Bombeiros e ambulâncias-- foram deslocados para o local, que fica próximo ao centro comercial da cidade. Havia estilhaços de vidros a uma distância de ao menos 500 metros de onde ocorreu a explosão. Imóveis ao redor do prédio da polícia também tiveram os vidros quebrados.

"Houve uma explosão, não há nada de atentado. Vamos esperar os relatórios, porque o momento é de socorrer as vítimas e prestar assistência aos familiares da policial que morreu", disse, sem querer comentar se o local seria adequado para armazenas explosivos. "Isso falaremos depois", disse Dário César, secretário de Estado da Defesa Social.

Peritos do IC (Instituto de Criminalística) estão no local para realizar o levantamento das informações. Segundo o secretário, dos dois policiais, um está ferido com maior gravidade.

Moradores informaram que, durante e logo após as explosões, sentiram um forte cheiro de gás.

A explosão derrubou o teto do imóvel e o portão foi arremessado para a rua. No imóvel, carros foram revirados. No entorno, árvores arrancadas. O local está sem energia e foi isolado porque ainda há risco de explosões. Após saberem da morte da colega, policiais civis deram um abraço simbólico e silencioso ao prédio do Deic. Alguns choraram. "Com Amélia, morrem todos nós, juntos", gritou um deles.

Segundo um oficial da PM, que se identificou como cabo Xavier, só sobrou a fachada do prédio. "O cenário é desolador. É um cenário de guerra", afirmou.

A estudante Arlete de Melo Cavalcante, 25, mora na frente do prédio e teve os vidros de sua casa destruídos. "Começou como um tiroteio e depois veio uma explosão. Me tranquei no quarto", afirmou.

O estudante Enife Costa de Assis, 25, estava com sua moto, em frente ao prédio do Deic, quando ocorreu a explosão. "Minha moto foi atirada para longe e ficou destruída", afirmou.

De acordo com Antonio Carlos Lessa, presidente da Associacao de Delegados de Alagoas, o prédio que explodiu era um depósito onde eram guardadas dinamites apreendidas, por exemplo. "O local deveria seguir as normas de segurança, mas isso precisa ser analisado pela perícia", afirmou.

Uma escola de recursos humanos que fica ao lado também foi destruída.

Sindicato

Carlos José, segundo vice-presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Alagoas, criticou a estrutura da polícia local. "Isso que existe aqui é brincar de polícia. Tudo em Alagoas na polícia é no improviso. A começar pelas delegacias. Como pode um paiol com dinamite no centro da cidade? Completamente inadequado", disse.

A policial que morreu era da diretoria do sindicato.