Barragem se rompe com chuvas no RS; mortos no estado chegam a 29
A barragem 14 de Julho, entre Cotiporã e Bento Gonçalves (RS), rompeu parcialmente na tarde desta quinta-feira (2). A informação foi confirmada pelo governo do Rio Grande do Sul. Fortes chuvas que atingem o estado desde 24 de abril já deixaram pelo menos 29 mortos. Outras 60 pessoas estão desaparecidas.
O que aconteceu
Onda de 2 metros de altura atingiu a região de Bento Gonçalves, disse o prefeito do município. Diogo Segabinazzi Siqueira (PSDB), declarou nesta quinta-feira (2) que uma onda de aproximadamente dois metros de altura passou pela comunidade da Linha Alcântara, no município. Ele também esclareceu que essa onda estaria indo em direção os municípios de São Valentim do Sul e Santa Tereza.
Objetivo é evitar colapso integral, diz secretário da Casa Civil do RS. "O rompimento parcial dessa barragem se deu do lado direito, onde não estão as comportas. Então, para evitar mais pressão e que ela possa colapsar integralmente, a gente precisa acessar, com os técnicos da companhia [Ceran - Companhia Energética Rio das Antas], essas comportas para sua abertura, reduzindo a pressão dessa barragem. Porque se não conseguirmos e colapsar a sua estrutura integralmente, aí sim teremos um volume maior de águas", explicou o secretário Artur Lemos em entrevista à CNN.
Até o momento, rompimento não traz aumento significativo nas vazões já existentes na Bacia Taquari-Antas, diz Ceran. A informação foi divulgada pela empresa após análise técnica. O texto diz ainda que os valores de elevação de nível observados nas cidades de Santa Tereza e Muçum foram de 35 cm e 25 cm, respectivamente.
Moradores devem deixar áreas imediatamente e subir para locais com ao menos seis metros acima do nível dos rios. A informação foi dada pelo vice-governador Gabriel Souza em vídeo publicado nas redes sociais. A ombreira direita, uma das laterais onde a barragem está apoiada, foi rompida, mas a expectativa é de que a vazão da água ocasione o rompimento total, alertou.
Água deve descer pela bacia do Rio Taquari-Antas, informou o governador Eduardo Leite. O governador afirmou que o efeito não deve ser de devastação na região, mas disse que alertas foram emitidos à população para evitar novas ocorrências. Locais foram evacuados, informou Leite.
Moradores dos municípios de Santa Tereza, Muçum, Roca Sales, Arroio do Meio, Encantado, Colinas e Lajeado receberam ordens expressas para deixar áreas de risco. A Defesa Civil afirmou que trabalha na retirada de famílias de áreas de risco.
Abrigos públicos serão disponibilizados pela gestão municipal. As pessoas que não tiverem locais alternativos devem buscar informações junto à Defesa Civil da sua cidade sobre os abrigos públicos disponibilizados pelas prefeituras, rotas de fuga e pontos de segurança.
O rompimento é investigado pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). O órgão, responsável pela barragem, informou que a estrutura já estava submersa e identificou uma movimentação mais turbulenta da água, possivelmente pelo comprometimento da chamada ombreira direita. "O grande problema agora é a velocidade com que a água vai descer rumo a Santa Bárbara e Santa Tereza. A altura da água não deve mudar muito, porque o nível do Rio das Antas estava passando sobre a barragem. O risco agora é a vazão a partir da barragem 14 de Julho", disse o secretário da Casa Civil, Artur Lemos, que está no gabinete avançado no distrito de Farias Lemos, em Bento Gonçalves.
O governo disse que já monitorava a possibilidade de rompimento da estrutura. A Fundação Estadual de Proteção Ambienta informou que a empresa Ceran já havia acionado, na quarta-feira, o Plano de Ação de Emergência da barragem.
Condições climáticas atrapalham resgates na região. Segundo Eduardo Leite, não há possibilidade meteorológica para que os helicópteros de resgate façam socorro de vítimas na área no momento.
A Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura diz que monitora as estruturas de outras 13 barragens de usos múltiplos que estão em estado de alerta. Cinco delas já em processo de evacuação: barragem Santa Lúcia, em Putinga; barragem São Miguel do Buriti, em Bento Gonçalves; barragem Belo Monte, em Eldorado do Sul; barragem Dal Bó, em Caxias do Sul; e barragem Nova de Espólio de Aldo Malta Dihl, em Glorinha.
A Aneel e o ONS (Operador Nacional do Sistema) acompanham a situação de outras cinco barragens de geração de energia elétrica no estado que estão em atenção. São elas: Capigui, em Passo Fundo; Guarita, em Erval Seco; Herval, Santa Maria do Herval; Passo do Inferno, São Francisco de Paula; e Monte Carlo, Bento Gonçalves - Veranópolis.
Saiam das zonas abaixo da cota [de seis metros]. A situação é gravíssima, muito séria. Precisamos que todos, imediatamente, sigam essa orientação sob pena de perdermos muitas vidas.
Gabriel Souza, vice-governador do Rio Grande do Sul
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Quero receberRepresa em Bento Gonçalves e barragem em Caxias do Sul em risco
Nesta tarde, a Defesa Civil do estado emitiu alerta para as cidades de Bento Gonçalves e Pinto Bandeira. O órgão comunicou o risco de rompimento da represa São Miguel, em Bento Gonçalves. As Defesas Civis locais, a Brigada Militar e o Corpo de Bombeiros já estão realizando a evacuação de pessoas que moram em áreas que podem ser afetadas em caso de rompimento da represa.
Engenheiros também analisam a possibilidade de rompimento no Complexo Dal Bó, em Caxias do Sul. As comportas estão 100% abertas e as casas próximas ao ponto de sangria foram evacuadas por risco de alagamento. A informação é do Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto de Caxias do Sul.
Estado de calamidade pública
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), decretou estado de calamidade pública no estado. Fortes chuvas atingiram diferentes cidades desde 24 de abril e deixaram pelo menos 29 mortos. Outras 60 pessoas estão desaparecidas.
Chuvas e enchentes foram classificadas como desastres de nível 3 — "caracterizados por danos e prejuízos elevados". O texto foi publicado em edição extra do Diário Oficial na noite de quarta-feira (1º).
O decreto tem um prazo de 180 dias. "A situação de anormalidade declarada em âmbito estadual por este Decreto, não obsta o início ou o prosseguimento da declaração em âmbito local pelos Municípios, que poderão avaliadas e homologadas pelo Estado", diz o texto.
De acordo com a Defesa Civil do Rio Grande do Sul, 154 municípios foram afetados. Também foram registrados 36 feridos, 10.242 desalojados e 4.645 pessoas acolhidas em abrigos públicos.
Pelo menos 29 pessoas morreram desde o último sábado (27) no Rio Grande do Sul por causa das chuvas e enchentes. Os números foram divulgados na noite desta quinta-feira (2) pelo governador do estado, Eduardo Leite. Há 60 desaparecidos no estado.
Óbitos foram registrados em 19 municípios. Os registros de mortes por municípios foram: Canela (2); Candelária (1); Caxias do Sul (1); Bento Gonçalves (1); Boa Vista do Sul (2); Paverama (2); Pantano Grande (1); Putinga (1); Gramado (4); Itaara (1); Encantado (1); Salvador do Sul (2); Serafina Corrêa (2); Segredo (1); Santa Maria (2); Santa Cruz do Sul (2); São João do Polêsine (1); Silveira; Martins (1); e Vera Cruz (1).
Há 60 desaparecidos. Segundo o governo, os números de desaparecidos por município são: Candelária (8), Encantado (6); Itaara (3); Lajeado (5); Passa Sete (1); Pouso Novo (1); Roca Sales (10); Santa Cruz do Sul (1); São Vendelino (2); Sinimbu (1); Marques de Souza (13); Montenegro (1); Teutônia (3); Três Coroas (3); e Travesseiro (2).
Hospital de campanha do Exército em Lajeado. O Ministério da Defesa anunciou construção de hospital com 40 leitos de enfermaria. Segundo a pasta, a unidade também vai ter dois consultórios e o transporte de toda a estrutura para a construção será feito nesta quinta-feira (2) em um avião da FAB.
Leite pede para moradores saírem de casa
Governador gravou vídeo pedindo para que moradores do Vale do Taquari, região que abrange 40 municípios, deixem suas casas. Leite afirmou que o rio Taquari deve atingir níveis superiores ao das chuvas de setembro de 2023.
A Defesa Civil do estado informou que o rio Taquari está ultrapassando sua cota de inundação. "As pessoas que não tiverem locais alternativos devem buscar informações junto à Defesa Civil da sua cidade sobre os abrigos públicos disponibilizados pelas Prefeituras, rotas de fuga e pontos de segurança", diz nota.
Santa Tereza, Muçum, Roca Sales, Encantado, Estrela, Lajeado, e os municípios que seguem o curso do rio Taquari. A gente pede às pessoas, nesta noite, que saiam das suas casas e busquem um local seguro.
Eduardo Leite, governador do RS
Governo divulga chave Pix para doações
Doações podem ser feitas na chave Pix de CNPJ (Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica). O número para doações é: 92.958.800/0001-38. Quando realizar a transferência, confirme que o banco de destino é "Banrisul (Banco do Estado do Rio Grande do Sul)".
Recursos obtidos serão usados para ajudar os atingidos pelas chuvas e na reconstrução da infraestrutura das cidades, diz governo. As doações podem ser feitas por qualquer pessoa física e jurídica.
Pix para a conta SOS Rio Grande do Sul
CNPJ: 92.958.800/0001-38
Banco do Estado do Rio Grande do Sul
Diante da situação de calamidade pública enfrentada pelos gaúchos, o governo do Estado reativou o canal de doações para a conta SOS Rio Grande do Sul. Foi restabelecida a chave PIX (CNPJ: 92.958.800/0001-38), a mesma utilizada no ano passado. pic.twitter.com/M2I6zfsMNs
-- Governo do Rio Grande do Sul (@governo_rs) May 2, 2024
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