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Embarcações encalhadas viram atração em praias de Santos (SP)

Rafael Motta

Do UOL, em Santos (SP)

23/12/2012 19h23

Apesar do tempo encoberto e da chuva fraca e intermitente na tarde de hoje (23), moradores e turistas de Santos (72 km de São Paulo) ganharam uma atração nas praias: a proximidade com um rebocador e uma balsa, que encalharam por volta das 22h de sábado (22).

As duas embarcações pertencem a uma empresa do Rio Grande do Sul e ficaram fora de controle por causa do mar agitado. Não há sinais de prejuízo ambiental nem prazo para que sejam retiradas.


As providências tomadas pelo condutor do rebocador “Titã” para evitar o encalhe não surtiram efeito. Primeiro, o rebocador reduziu o comprimento do cabo com o qual rebocava a balsa “Rubineia”. Nessa operação, o cabo se enroscou na hélice do motor do “Titã” e se partiu.

O motor falhou, e o rebocador ficou à deriva. Depois, a âncora foi lançada, mas não foi capaz de prender a embarcação. Como a balsa não tinha propulsão própria, também ficou ao sabor da correnteza.

As duas embarcações encalharam a cerca de 300 metros uma da outra –o “Titã”, na praia do Embaré, e a “Rubineia”, na do Boqueirão. Essas praias são separadas por um canal, o de número quatro, um dos que cortam a cidade para conduzir a água das praias até o porto e vice-versa.

A CPSP (Capitania dos Portos do Estado de São Paulo) instaurou um inquérito administrativo para apurar as razões do incidente, a ser concluído em até três meses. Por enquanto, a corporação espera que a empresa proprietária das embarcações apresente um plano para seu desencalhe.

Os trechos próximos às embarcações estão isolados por fitas zebradas e sob vigilância de oficiais da CPSP e de salva-vidas, que impedem a aproximação de curiosos. O UOL não conseguiu falar com tripulantes do “Titã”, que faziam reparos no rebocador, nem com representantes da empresa.

Curiosidade e fotos

Há dois anos vendendo milho verde na praia do Embaré, o comerciante Rogério Oliveira Souza teve seu carrinho transformado em posto de informações: a todo instante, pessoas lhe perguntavam o que havia acontecido.

“Foi a primeira vez que eu vi uma embarcação encalhada. Mas não vendi mais do que o normal, não. Cheguei umas 9h30, 10h, mas também tinha outros carrinhos por perto”, afirmou Souza.

Quem não sabia do que se tratava fazia especulações. O fotógrafo Oséas de Oliveira estranhou a situação. “Imagine, a força do mar não faz frente ao motor de um rebocador desses. Só se houve falha”, comentou.

O administrador Lourenço Grübel estava diante da “Rubineia”. Em silêncio, fazia fotos de uma das embarcações, que havia visto ainda na noite de sábado, da janela de casa.

“Eu vi as luzes delas e me perguntei por que estavam tão perto. Fui dormir. Hoje, as vi na praia e vim fotografar. As imagens podem ficar para a história”, declarou Grübel, ao se referir ao encalhe de um navio famoso em Santos –o “Recreio”, que, em 1971, ficou à deriva, alcançou uma das praias de Santos e do qual ainda há restos para retirar da areia.