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Menina baleada na cabeça na noite de Natal no Rio tem morte cerebral confirmada

Julia Affonso

Do UOL, no Rio

30/12/2012 23h29Atualizada em 31/12/2012 00h34

A menina A.S.V., 10 anos, atingida na cabeça por uma bala perdida na xzona norte do Rio de Janeiro, na noite de Natal, teve morte cerebral confirmada no fim da noite deste domingo (30).

A Secretaria Municipal de Saúde confirmou que apenas o coração da menina está batendo.

Na ocasião, A.S.V. estava indo em direção à mãe, para mostrar a boneca que havia ganhado de presente de Natal  quando foi atingida e caiu desacordada com um ferimento na cabeça, na porta de casa.

A menina foi levada ao hospital, mas esperou durante oito horas por um neurocirurgião. O médico escalado para o plantão noturno do dia era Adão Orlando Crespo Gonçalves, que não apareceu.

Depois da operação, ela seguiu para a UTI, onde permanece até o momento. Na quinta-feira (27), ela foi transferida do Hospital Salgado Filho, na zona norte, para o Hospital Souza Aguiar, no Centro. Os médicos das duas unidades consideravam que ela seria melhor atendida no Souza Aguiar, hospital tem um CTI especializada em tratamento de crianças.

Na quarta-feira (26), a Polícia Civil abriu um inquérito para apurar se houve omissão de socorro no caso e ouviu os depoimentos dos pais da menina, do diretor do Hospital Salgado Filho, Norberto Weber Júnior, e de cinco médicos, entre eles o neurocirurgião Adão Orlando Crespo Gonçalves e o chefe do plantão Enio Eduardo Lopes.

Segundo Luiz Archimedes, delegado da 23ª DP (Méier), onde o caso está registrado, o neurocirurgião disse que faltava aos plantões há um mês, por discordar da escala de trabalho.

A polícia investiga também a origem do disparo, pois não registrou tiroteio na região no momento em que A.S.V. foi atingida. De acordo com a família, ela foi ferida por uma bala que teria sido disparada por traficantes dos morros de Urubu e Urubuzinho, em Piedade, zona norte do Rio.

O prefeito Eduardo Paes classificou a conduta do neurocirurgião como "irresponsável" e "delinquente", e disse que ele deve ser demitido. A ausência do plantonista também está sendo investigada pelo Ministério Público e pelo Conselho Regional de Medicina do Rio (Cremerj).