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"Atitude de secretário de saúde é criminosa", diz presidente de sindicato sobre falta de neurocirurgião no Rio

Adriana Santos, mãe da menina de dez anos baleada, chora no hospital; o estado de saúde é grave - Paulo Araújo/Agência o Dia/Estadão Conteúdo
Adriana Santos, mãe da menina de dez anos baleada, chora no hospital; o estado de saúde é grave Imagem: Paulo Araújo/Agência o Dia/Estadão Conteúdo

Felipe Martins

Do UOL, no Rio

26/12/2012 13h24

O presidente do Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro, Jorge Darze, culpou nesta quarta-feira (26) o secretário municipal de Saúde e Defesa Civil, Hans Dohmann, pela ausência de um neurocirurgião no Hospital Salgado Filho na noite de segunda-feira (24).

O caso acarretou na demora de cerca de oito horas para o procedimento cirúrgico de uma menina atingida por uma bala perdida na cabeça na zona norte do Rio.

"Atitude do secretário é criminosa em permitir que um hospital do tamanho do Salgado Filho funcione com apenas um médico em uma escala de plantão. Esse médico poderia ter faltado por outro motivo. Por exemplo, um problema de saúde. O secretário não pode fugir dessa responsabilidade”, disse Darze.

Segundo o “RJTV”, da rede Globo , que ouviu o neurocirurgião que faltou ao plantão, o médico informou que já havia pedido demissão do hospital. A reportagem do UOL tentou falar com o médico, mas ele não foi encontrado para comentar o caso.

A direção do Hospital Salgado Filho informou que não sabia do pedido de demissão do médico uma vez que o procedimento não havia sido formalizado.

O hospital disse ainda que um inquérito administrativo será instaurado para apurar o caso. A Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil afirmou que aplicará punição ao médico.

Segundo Darze, em uma escala correta, pelo menos três médicos deveriam ser colocados de plantão no mesmo turno para que, em caso da falta de um dos profissionais por qualquer motivo, o outro pudesse imediatamente ocupar o lugar do ausente.

"Mesmo se esse médico tivesse comparecido, seria humanamente impossível esse profissional dar conta do plantão de um hospital do tamanho e da complexidade do Salgado Filho", declarou.

Procurada, a Secretaria de Saúde e Defesa Civil não quis comentar as acusações de Darze.

Ainda de acordo com o presidente do sindicato, há duas semanas ele entregou um documento à chefe de Polícia Civil do Rio, delegada Martha Rocha, denunciando que poderia haver problemas durante o Natal e Ano-Novo nos hospitais da rede pública municipal pelo grande número de médicos colocados em aviso prévio pela Fiotec, fundação responsável pelo contrato dos profissionais de saúde terceirizados no município.

“Se esse caso tivesse acontecido num domingo, a família não conseguiria ser atendida porque não tem neurocirurgião nos plantões de domingo do Salgado Filho. Outro hospital o Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, está em situação ainda pior, sem neurocirurgião há um bom tempo”, afirmou.

Sobre o neurocirurgião ausente do plantão, Darze defende, primeiro, a apuração dos fatos para evitar a “crucificação do profissional sem provas”. Ele informou que irá ao Salgado Filho na tarde desta quarta-feira para apurar o caso.

“É preciso primeiro saber o que aconteceu. As informações dão conta que ele já havia pedido demissão. São muitas perguntas que estão sem resposta. Não se pode colocar um profissional na fogueira desta forma”, declarou.

“Se ele já tinha protocolado pedido de demissão, ele não teria porquê comparecer no plantão. É como um profissional que se aposenta na esfera pública, a partir do momento que ele protocolou o pedido, não precisa mais comparecer. Independentemente de ter sido publicado ou não no Diário Oficial. Caberia à administração pública já ter colocado outro médico no lugar”, afirmou Darze.