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Após confusão em praça de São Paulo, prefeitura promete área específica para skatistas

Fabiana Nanô

Do UOL, em São Paulo

08/01/2013 18h20Atualizada em 08/01/2013 20h17

O subprefeito da Sé, Marcos Barreto, afirmou nesta terça-feira (8) que pretende realizar pequenas obras na praça Roosevelt, no centro de São Paulo, para delimitar os espaços utilizados por skatistas. A decisão foi tomada após um confronto entre skatistas e guardas civis metropolitanos registrado na semana passada.

“Há necessidade de se ter uma área para a prática [do skate], sem inferir em outras atividades na praça. Por isso, vamos construir um novo espaço para o skate, além de colocar placas de sinalização na praça”, afirmou o subprefeito.

Veja vídeo de agressão em praça de São Paulo

As declarações foram feitas durante uma entrevista coletiva realizada hoje na própria praça Roosevelt ao lado da inspetora da GCM (Guarda Civil Metropolitana), Lindamir Magalhães, e do vice-presidente da Confederação Brasileira dos Skatistas, Edson Scander.

De acordo com as novas adequações, os skatistas terão permissão para utilizar a parte de baixo da praça, próxima à igreja da Consolação. Será uma área isolada, com cinco novas rampas, para uso dos skatistas. Além disso, haverá troca de grades e corrimões – que não foram cimentados, apenas parafusados – e reformas nos bancos de madeira, que receberão cantoneiras.

Barreto não estabeleceu um prazo para a realização das obras. “Falar em prazo é precipitado, mas isso é uma prioridade nossa”, afirmou o subprefeito, que está há apenas oito dias no cargo e foi à praça por recomendação do prefeito Fernando Haddad (PT), que ligou para ele na manhã de hoje.

A inspetora Magalhães, por sua vez, afirmou que não haverá mudanças nos procedimentos da GCM, envolvida em um caso de agressão na praça no último fim de semana.

A situação ganhou contornos mais graves após a divulgação de um vídeo, feito na última sexta-feira (4), que flagrou o momento em que ao menos quatro guardas civis metropolitanos usam spray de pimenta contra skatistas que andavam na praça Roosevelt. As imagens mostram um rapaz recebendo uma chave de braço de um guarda que não estava fardado.

Apesar de a GCM ter afastado pelo menos três agentes que se envolveram na confusão, Magalhães disse que os guardas continuam a receber orientações de intervir no parque se acharem que há algo errado.

“Não muda [o procedimento]. Vai continuar com essa orientação. Qualquer um que fizer uso indevido da praça será admoestado [advertido] pelo guarda”, disse Magalhães.

Questionada sobre o fato de o guarda aparecer à paisana no vídeo, Magalhães disse que houve uma “ocorrência de problema de uniforme, que é um problema institucional nosso e já está sendo apurado”. Ela não deu mais explicações sobre o caso e também não comentou se ainda há guardas à paisana na praça.

No entanto, a inspetora admitiu que houve excesso no episódio ocorrido na sexta-feira e afirmou que o caso está sendo apurado pela corregedoria da Secretaria de Segurança Urbana.

Para conhecer o espaço

A coletiva de imprensa foi realizada após uma reunião a portas fechadas com o subprefeito, representantes dos moradores, dos skatistas e da GCM.

Antes desta reunião, o subprefeito percorreu a praça ao lado de moradores – em sua maioria, idosos - que o apresentavam ao local e apontavam algumas estruturas danificadas, entre outros motivos pelo uso de skate.

Enquanto a comitiva caminhava, skatistas observavam e alguns inclusive gravavam vídeos no celular. Um deles chegou a gritar “a praça é nossa”.

Apesar do clima tenso, ambas as partes esperam por soluções. “Nós nunca falamos que não há possibilidade de ter skatistas aqui. Não queremos expulsar ninguém. Queremos regras estabelecidas, lugares definidos, sinalizações instaladas”, afirmou Jader Júnior, presidente da Ação Local Roosevelt.

O skatista Yannick Hara também acredita em uma saída. “Eu espero que sim [que a relação entre skatistas e moradores melhore]. Eu moro aqui há 28 anos e sempre foi esse conflito. Por isso eu vim aqui hoje, não dá mais.”