Adolescente de 16 anos é morto em unidade de internação de menores em Brasília
O adolescente André Gonçalves Fortunado, de 16 anos de idade, foi assassinado neste domingo (13) dentro da UIPP (Unidade de Internação do Plano Piloto), antigo Caje (Centro de Atendimento Juvenil Especializado), em Brasília.
A causa exata da morte será divulgada em torno de 30 dias, quando o IML (Instituto Médico Legal) emitir o laudo técnico. A informação até o momento é que a causa da morte está sendo investigada por enforcamento e afogamento no vaso sanitário.
Segundo a delegada que está apurando o caso, Mônica Ferreira , o menor já tinha três passagens pela polícia, por roubo e por porte de arma. Ainda segundo ela, o crime foi por motivo fútil. “O rapaz dividia o quarto com outros adolescentes que confessaram o assassinato e alegaram que André xingou a mãe de um deles”, explicou Mônica, que trabalha na Delegacia da Criança e do Adolescente, localizada na asa norte.
Ainda de acordo com a delegada, os adolescentes, um de 16 anos e outro com 17 anos, também tinham passagens pela polícia por roubo, lesão corporal, tentativa de latrocínio e após apuração deste caso poderão ter o prazo de internação prorrogado, podendo chegar até o período em que eles completarem 21 anos de idade.
Na avaliação da delegada, o assassinato não foi por falta de fiscalização dos atendentes de reintegração social e nem por briga de gangues rivais -- os internos eram de cidades satélites diferentes.
André Gonçalves era de Samambaia e os outros dois de Ceilândia e São Sebastião, todas localizadas no Distrito Federal. “A banalização da vida, a falta de estruturação familiar e investimentos na educação são os principais fatores de crimes como este”, afirmou Ferreira.
A Secretaria da Criança abriu sindicância para apurar o que aconteceu dentro da UIPP e, se for constatada falha na orientação ou fiscalização, os atendentes de reintegração social que estavam responsáveis pelos adolescentes poderão ser punidos.
De acordo com servidores da secretaria, uma comissão passou a madrugada ouvindo os funcionários que trabalhavam no módulo no momento em que o adolescente foi assassinado.
Histórico
Em 2012, em um período de menos de 30 dias entre agosto e setembro, três jovens foram assassinados em unidades de internação do DF. À época, o Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e do Sistema de Execução de Medidas Socioeducativas (DMF/CNJ) inspecionou a maior unidade de internação do DF, a UIPP, onde o adolescente voltou a ser morto domingo.
Nesta segunda, o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) afirmou que vai pedir informações sobre a morte do jovem. Foi a primeira morte registrada no sistema socioeducativo do Distrito Federal em quatro meses.
“É inconcebível o assassinato de um jovem sob a custódia do Estado. Isso é consequência da superlotação da unidade de cumprimento de medidas socioeducativas do Distrito Federal”, afirmou nesta segunda o coordenador do DMF/CNJ, juiz Luciano Losekann. Atualmente, a UIPP tem cerca de 160 vagas, mas abriga mais de 350 internos.
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