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Polícia Militar desocupa área onde vivem cerca de 80 famílias em Campinas

PM cumpre reintegração de posse em Campinas; cerca de 80 famílias são retiradas da área - Eduardo Schiavoni/UOL
PM cumpre reintegração de posse em Campinas; cerca de 80 famílias são retiradas da área Imagem: Eduardo Schiavoni/UOL

Eduardo Schiavoni

Do UOL, em Americana (SP)

17/01/2013 08h00Atualizada em 17/01/2013 13h20

A PM (Polícia Militar) retirou, na manhã desta quinta-feira (17), aproximadamente 80 famílias que ocupam irregularmente uma área particular da Chácara Buriti, em Campinas (93 km de São Paulo). O local fica às margens do Anel Viário José Roberto Magalhães Teixeira (SP-083). Estima-se que pelo menos 300 pessoas ocupem o local. A remoção começou por volta das 6h45 e terminou às 11h45

Cerca de 200 policiais foram deslocados para desocupar o local, medida determinada pela Justiça. Houve remoção e destruição de barracos. A ocupação é alvo de dois pedidos de reintegração, em áreas diferentes, um feito por um proprietário e outro pela Prefeitura de Campinas, que solicitou por se tratar de uma Área de Preservação Permanente.
 
De acordo com a polícia, outras 15 famílias que ocupam um terreno ao lado da chácara devem permanecer no local, já que a ordem de reintegração para esse outro espaço foi adiada pela Justiça. Lucas Hernandes Luiz, 33, é um dos moradores da área. Segundo ele, a maioria dos ocupantes acabou na chácara por falta de opção.
 
"Só vim pra cá por falta de opção. Se tirarem meu barraco daqui, não vou ter onde morar. Não posso pagar aluguel", disse. Até o início da manhã, não houve registro de confrontos entre policiais e invasores. O trânsito no local, embora não esteja interditado, segue lento. Por enquanto, os invasores não realizam nenhum tipo de protesto nas estradas do local.
 
Ainda assim, a Rota das Bandeiras, concessionária responsável pelo trânsito no local, montou uma operação especial para garantir a segurança e a fluidez no tráfego na estrada caso haja manifestações.
 

Impasse

 
Por volta das 8h45, a PM chegou a interromper o trabalho de retirada dos barracos por conta da atuação do advogado dos invasores, Alexandre Mandel. Ele argumentou que há um problema de ordem técnica na execução da ordem – a oficial de Justiça responsável por acompanhar a reintegração não estaria no local, sendo substituída por outro servidor. "É uma ilegalidade, uma incoerência. Iremos lutar para que a reintegração não ocorra", disse.
 
“Aqui, todo mundo é pobre e está triste. Eu não tenho para onde ir com meus filhos. É muito sofrimento e esse pessoal ainda vem até aqui para debochar de quem está indo para a rua”, disse a autônoma Fátima Delarica, 58, que morava na ocupação com um filho de 15 e outro de 8. 
 

Hostilizados

 
Com a remoção concluída, representantes dos proprietários dizem ter sido hostilizados por moradores da ocupação. Os advogados Daniel da Silva e José Rodrigues foram atingidos por pedaços de barro e ofendidos verbalmente. Uma mulher acusou Silva de agressão.
 
“Viemos até aqui como representantes do proprietário e para acompanhar a decisão judicial. Na área será construída um residencial com cerca de 200 apartamentos. Naturalmente, não aprovamos provocações violentas”, disse Rodrigues. A polícia precisou escoltar os advogados até a saída da ocupação. 
 
A Prefeitura de Campinas informou que acompanhou a reintegração de posse e que encaminhará as famílias que não têm para onde ir para abrigos públicos. Foi informado também que a cidade conta com programas habitacionais para pessoas carentes e que os invasores poderão se cadastrar neles