"Me diverti, sem cachê", diz go-go boy que participou de festa de prefeitura

O modelo Rodrigo Mendonça afirmou que não recebeu nada da Prefeitura de Palhoça (região metropolitana de Florianópolis) para dançar de cueca no colo de funcionárias da prefeitura durante festa no Dia Internacional da Mulher. Ele afirmou que estava lá para divulgar a revista "G Magazine", voltada para o público masculino, da qual é capa. "Me diverti um pouco com a mulherada, sem cachê e sem nada ofensivo", disse Mendonça, que tem o título de mister Santa Catarina.

Nesta segunda-feira (12), a Promotoria de Moralidade Administrativa do Ministério Público do Estado de Santa Catarina abriu um PAIC (Procedimento Administrativo de Investigação Civil) para saber quem pagou o rapaz.

O prazo para esse tipo de investigação é de um ano, prorrogável. Um oficial de despachos (equivalente ao de Justiça, mas à disposição do MPE) vai intimar o prefeito interino, o vereador Nirdo Luz (DEM), vulgo Pitanta, o performer Rodrigo Mendonça, e um número não especificado de mulheres presentes à festa, inclusive a de Pitanta e a filha dele, para dar explicações à Promotoria.

A promotora Andrea Speck abriu a investigação depois de saber do caso pela imprensa, quando já era a piada da hora na cidade --Palhoça tem 135 mil habitantes, sendo 3.000 funcionários públicos, a metade mulheres. Só ao final a promotora vai decidir se denuncia os envolvidos por ato de improbidade administrativa, no caso, pagar o homem da cueca - Palhoça arrecada R$ 480 milhões anuais.

Há controvérsia também se o prefeito poderia ter autorizado o aluguel do salão de festas da Mansão Luchi, os salgadinhos e bebidas servidas. A Luchi tem 15 anos de tradição na cidade. Além de eventos oficiais, organiza de festas de 15 anos até baladas sertanejas.

A cerimônia ocorreu na noite de quinta-feira (7). O número de convivas variou de 800 a 1.300, conforme os relatos. Uma funcionária que o prefeito acredita que seja uma adversária política distribuiu fotos picantes do go-go boy acariciando as colegas.

No primeiro momento Pitanta, um personagem folclórico da política local, saiu-se com piadas sobre a cor da cueca de Mendonça - preta -, afirmando que isto o diferenciaria dos go-go boys tradicionais, que usariam brancas.

Quando o MPE entrou no assunto ele se apressou a esclarecer tudo. Disse que o empenho (a nota para pagar a festa encaminhada à Secretaria de Finanças) era de R$ 7.500, mas que ele não foi para pagamento. A cada entrevista Pitanta foi mudando as respostas até dizer que "ainda não foi paga pela Prefeitura", para concluir: "É tão pequena que posso pagar do meu próprio bolso".

O secretário da Receita Marcos Cardoso Canto deu uma gargalhada quando lhe perguntaram como foi a festa: "Eu não fui, era só para elas". Faxineira de uma escola municipal, Maria Escolástica, 54, disse que ficou de fora, mas se tivesse ido iria "dar uns amassos naquele moleque".

Pitanta está no cargo por ser presidente da Câmara. Ele poderia ter deixado a prefeitura justamente no dia 7, mas neste dia o Tribunal Superior Eleitoral suspendeu a avaliação do caso de impugnação do prefeito eleito Ivon de Souza, a pedido da ministra Nancy Andrighi.

Souza ganhou em outubro, mas não levou por um racha interno no seu PSDB, que representou contra ele na Justiça Eleitoral. Se ele perder, assumirá o segundo colocado e Pitanta voltará à Câmara.