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Galeria subterrânea do século 19 é descoberta durante obras viárias em Santos (SP)

Galeria subterrânea encontrada por operários durante obras em Santos (SP) foi aberta há aproximadamente 120 anos e teria favorecido a expansão do transporte coletivo por bondes na cidade - Rogério Bomfim/Prefeitura de Santos
Galeria subterrânea encontrada por operários durante obras em Santos (SP) foi aberta há aproximadamente 120 anos e teria favorecido a expansão do transporte coletivo por bondes na cidade Imagem: Rogério Bomfim/Prefeitura de Santos

Rafael Motta

Do UOL, em Santos (SP)

09/04/2013 14h09

Uma galeria subterrânea do século 19 foi descoberta por acaso durante obras em uma das principais avenidas de Santos (72 km de São Paulo), a Ana Costa, que liga os bairros Gonzaga (praia) e Vila Mathias (perto do centro). A prefeitura comunicará nesta terça-feira (9) o fato ao Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), para que o ponto seja considerado de interesse nacional.

A galeria foi localizada há duas semanas por operários que trabalhavam no subsolo perto do Shopping Parque Balneário, entre a praia e a praça Independência, o “coração” do Gonzaga. Calcula-se que tenha idade aproximada de 120 anos e servido para canalizar dois rios, oriundos dos morros e do porto de Santos. A época coincide com o início da expansão do transporte coletivo por bondes até a praia.

Por enquanto, sabe-se que a estrutura tem 18 metros de largura e é formada por arcos e pilares de tijolos parcialmente sustentados por vigas metálicas. Uma equipe formada por um historiador, um engenheiro e um arquiteto identificará o comprimento total da galeria e onde, exatamente, os rios desaguavam.

Nova versão da história

O resultado das prospecções poderá alterar uma versão da história de Santos: a de que os rios desembocariam em outro ponto, próximo ao Canal 3, e teriam sido retificados durante o maior projeto de saneamento básico até então feito em Santos –a abertura de canais para escoamento de água entre a praia e o porto, idealizada pelo engenheiro sanitarista Saturnino de Brito (1864-1929). O trabalho começou em 1905, mas há registros de que, dois anos antes, os rios já estavam aterrados.

Segundo o diretor do Centro Regional de Pesquisas Arqueológicas, Manoel Gonzalez –arqueólogo chamado pela prefeitura para estudar as características e a utilidade da galeria–, “não houve registros da obra, entre 1890 e 1900, porque talvez fosse considerada uma canalização de rios corriqueira, para o crescimento da cidade”.

“Outros quatro rios, no centro, também foram canalizados. Eu tenho 1,84 metro de altura e posso andar naquelas galerias. A do Gonzaga está assoreada, e as prospecções arqueológicas devem durar até o fim do ano”, disse Gonzalez. Até agora, de acordo com o arqueólogo, escavações superficiais permitiram encontrar frascos de remédio, garrafas de vinho e dois tijolos.