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"Vida humana não é descartável", diz promotor do caso Carandiru

Janaina Garcia

Do UOL, em São Paulo

21/04/2013 03h48

Para o Ministério Público de São Paulo, a condenação de 23 policiais militares pelo assassinato de 13 presos do antigo complexo penitenciário do Carandiru, há pouco mais de 20 anos, é a resposta que a sociedade dá ao episódio “no sentido de reconhecer que o aconteceu no pavilhão 9 no dia 2 de outubro de 1992 foi um massacre”.

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A avaliação foi feita pelo promotor Fernando Pereira da Silva, titular do caso há cerca de um ano, em entrevista coletiva concedida após a divulgação da sentença no Fórum Criminal da Barra Funda (zona oste de SP), na madrugada deste domingo (21).

“Tínhamos a preocupação de a população entender que a vida do ser humano não é descartável. A invisibilidade social daqueles indivíduos, presos à época de um massacre, não pode prevalecer sobre o descumprimento da lei”, declarou Silva.

Dias antes de o júri ser marcado, Silva e o outro promotor designado para o caso, Márcio Friggi, disseram que o maior obstáculo desse júri seria de natureza ideológica: “convencer os jurados de que bandido bom não é bandido morto”.

Indagado neste domingo sobre a opção de exibir, durante o júri, vídeos de reportagens sobre violência policial em São Paulo e em outros Estados, e não apenas sobre os PMs envolvidos no massacre, Friggi justificou: “A ideia era mostrar que há os bons e os maus policiais –e que estes, em episódios isolados, específicos, devem ser punidos e condenados”, afirmou.

Os promotores admitiram que um dos três réus aos quais pediram a absolvição e foram atendidos pelos jurados terá o caso analisado sob o aspecto da viabilidade técnica. Se acharem viável, nova denúncia poderá ser apresentada contra o PM, que teria atuado no terceiro, e não no segundo pavimento.

Os outros dois absolvidos não eram integrantes da Rota. “Mas foi por uma análise criteriosa do processo que constatamos que deveriam ficar de fora das condenações, e não por serem ou não da Rota”, completou o promotor.

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