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Juíza nega pedido da defesa de Bola para suspender julgamento

Rayder Bragon e Carlos Eduardo Cherem

Do UOL, em Contagem (MG)

22/04/2013 11h12

O primeiro dia do julgamento do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, acusado de ser o assassino de Eliza Samudio, começou nesta segunda-feira (22) com um pedido da defesa do réu para que ele seja adiado.

No entanto, a juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues, do 1º Tribunal do Júri de Contagem, não aceitou o pedido, mas determinou a condução coercitiva de uma testemunha solicitada pela defesa ao fórum.

A magistrada abriu a sessão, mas ainda não formou o conselho de sentença (corpo de jurados), esperando que a testemunha seja conduzida ao fórum.

Para justificar o pedido de adiamento, o advogado Ércio Quaresma pediu a palavra, assim que a juíza deu início à sessão, e disse haver recurso em instância superior e que a defesa quer ver resolvido antes de o cliente ser julgado.

A juíza, porém, entendeu que não haveria empecilho para a continuidade da sessão. “O recurso especial não possui efeito suspensivo”, disse a magistrada. 

A testemunha que não apareceu é o jornalista José Cleves, que foi intimado pela Justiça. Ele foi absolvido recentemente de acusação de homicídio da mulher após ter sido indiciado pelo então delegado Edson Moreira, que chefiou a investigação sobre o sumiço de Eliza Samudio.

A juíza determinou ao escrivão a condução “coercitiva” de Cleves ao fórum. Conforme o chefe da segurança do fórum, um oficial de Justiça e um aparato da Polícia Militar mineira foram empenhados na localização da testemunha.

Quaresma ainda afirmou que a defesa de Bola ficaria prejudicada com a ausência de uma delegada que participou das investigações sobre o sumiço de Eliza. A delegada Alessandra Wilke estaria em uma operação da Polícia Civil de MG em Ipatinga (MG). Ela iria ao julgamento como informante.

A juíza não aceitou o pedido sobre a ausência da delegada, justificando que o chefe dela havia esclarecido a ausência da policial.

Camiseta

Dentro do salão do júri, a esposa e os três filhos de Bola estão portando camiseta com foto do réu estampada na parte da frente.

Nas costas da camiseta há a frase: “Que Deus dê longa vida aos teus inimigos para que de pé eles possam ver a tua vitória”. Na porta do fórum, trabalhadores em greve do Tribunal de Justiça de Minas Gerais fazem ato de protesto com um carro de som.

Acusação

Bola é acusado de ser o executor da ex-amante do goleiro Bruno Fernandes, condenado a 22 anos de prisão, em março deste ano, no Fórum Doutor Pedro Aleixo, em Contagem, mesmo local onde Bola está sendo julgado. Ele responde pelos crimes de homicídio duplamente qualificado e ocultação de cadáver.

Antes de Bruno, Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, apontado pelo MPE (Ministério Público Estadual) como sendo também um dos participantes mais ativos do sumiço e morte de Eliza, foi condenado a 15 anos de prisão, em novembro do ano passado.

Fernanda Gomes de Castro, 35, ex-amante do goleiro, recebeu condenação de cinco anos pelos crimes de sequestro e cárcere privado de Eliza e seu filho, hoje com dois anos e meio de idade. Como a condenação foi menor do que seis anos, Fernanda cumprirá pena em regime aberto.