Topo

Filhos revelam como é crescer em lar com pais gays

Países que já aprovaram o casamento gay

Rodrigo Bertolotto*

Do UOL, em São Paulo e São Bernardo do Campo (SP)

29/05/2013 06h10

Como é ser criado por um casal homossexual? Há diferenças em relação à família de pais ditos “normais” ou “heteronormativos” (no linguajar politicamente correto)? Às vésperas da Parada Gay de São Paulo, que acontece neste domingo (2), três jovens contaram ao UOL como é crescer em um lar com pais gays.

Ana Karolina Lannes, 13, é atriz de novela da TV Globo e, junto com a fama, teve de enfrentar ainda criança a fofoca midiática a devassar sua vida íntima e a revelar que é criada por um casal de gays. “Chorei ao ouvir um locutor do Rio criticar meus pais e falar que eu ia virar lésbica. Ainda colocaram entrevistas com pessoas com a mesma opinião. Não é justo o que fizeram comigo”, conta a atriz mirim, com os olhos marejados.

Após a morte da mãe quando tinha quatro anos, Ana Karolina, que não foi reconhecida pelo pai biológico, acabou adotada pelo tio, Fábio Lopes, que lutou judicialmente pela tutela da sobrinha sem esconder sua condição de homossexual e vivendo maritalmente com João.

Já Bill Sousa descobriu que era gay quando já estava separado da mulher e com uma filha pequena para criar. Bianca Sousa, 16, soube com cinco anos de idade que um amigo do pai era algo mais que isso. “É difícil explicar para uma criança, mas ela logo pescou. `Ah, é que nem o Clodovil, né?´, ela me disse. Eu dei risada”, lembra Bill.


Bill casou-se logo que chegou a São Paulo vindo do Maranhão. O casamento não deu certo, mas dele nasceu Bianca. Logo depois ele foi morar com um parceiro, que tinha ciúmes da menina. “Um dia ele falou: `ou ela ou eu´. Ele sabia a resposta e foi embora”, recorda o pizzaiolo.

Já Bruna Salatiel, 21, define como “pãe” tanto Rosangela, sua mãe biológica, quanto Aparecida, a parceira materna há duas décadas. Bruna é fruto de um romance com um rapaz quando Rosangela  ainda se dividia entre seus desejos e a pressão da família e da sociedade.

Bruna assumiu sua homossexualidade ainda adolescente, e, mesmo como as mães lésbicas, teve dificuldade de assumir sua condição. “É uma situação complicada mesmo minha mãe sendo. Mas ela já desconfiava e brincou comigo: `sua sapatão´”, conta Bruna, que organizou recentemente o casamento de suas mães e virou colunista em um blog especializado.


(*colaborou Noelle Marques, Luciana Piotto e Edilson Saçashima)