Topo

Polícia vai reconstituir noite em que homem foi ferido em boate gay no Rio

Carolina Farias

Do UOL, no Rio

29/05/2013 18h40

A DH (Divisão de Homicídos) do Rio de Janeiro quer reconstituir as circunstâncias da noite em que o cabelereiro Luiz Antonio Jesus, 49, foi achado ferido e desacordado no banheiro da boate gay Queen, na Freguesia, zona oeste da capital, na madrugada do último domingo (26). Jesus morreu na tarde de terça-feira (28).

Segundo o titular da DH, delegado Rivaldo Barbosa, a reprodução simulada será feita após todos os supostos envolvidos no caso serem ouvidos e as imagens das câmeras da casa analisadas. Jesus morreu com sinais de espancamento, mas a proprietária da boate, Jade Lima, diz que ele sofreu uma queda no estabelecimento.

Nesta quarta-feira (29), a proprietária da boate e ao menos quatro seguranças da casa foram ouvidos pela DH. Uma perícia complementar também foi realizada nesta tarde. O conteúdo dos depoimentos não foi informado por Barbosa. 

"Vamos tentar compatibilizar as imagens de vídeo com os depoimentos. Também preciso analisar o inquérito [da 32ª DP]. Não trabalhamos com suspeitos, nós identificamos a dinâmica do evento”, disse o titular. Não informo sobre os suspeitos para não termos problemas depois."

Barbosa recebeu na tarde desta quarta o inquérito aberto pela 32ª DP (Taquara) e, somente após analisar as informações preliminares, deve falar sobre hipóteses --como a de crime por homofobia.

Versões

Por meio de nota, a proprietária da boate afirma que o cabeleireiro foi encontrado caído no banheiro depois de frequentadores da casa terem ouvido o barulho da queda.

"Esclareço que havia sim, pessoas dentro do banheiro que ouviram um barulho decorrente da queda e que essas pessoas acionaram os funcionários da casa para ser feito o socorro necessário, as imagens do nosso circuito de TV já estão com a polícia, a boate e eu estamos completamente disponíveis para colaborar com toda investigação", diz a nota.

O caso começou a ser investigado na segunda-feira (27), quando a família da vítima denunciou o caso. Ele saiu para ir à boate no sábado (25) e não voltou, o que chamou a atenção das irmãs --ele morava no fundo do imóvel. 

"Minha filha o levou à boate. Ele disse que voltaria de táxi. Estava feliz, disse que queria dançar”, disse Rosalina Brito, irmã da vítima. “Mas, domingo, na hora do almoço, fomos ver o que tinha acontecido porque ele não voltava. Fomos até a boate e nos disseram que ele tinha sofrido um acidente."

Segundo ela, a proprietária da boate disse à família que Jesus havia caído no banheiro e que ele foi levado ao hospital Lourenço Jorge. No banheiro, segundo Rosalina, havia sangue na pia e na porta.

O delegado Antonio Ricardo Nunes, titular da 32ª DP, disse na terça-feira que não descartava a hipótese de crime de intolerância, mas não acreditava na força dessa suposição pois a casa é uma boate destinada ao público gay. Na noite anterior à da agressão a Jesus, outro caso de violência também ocorreu na boate. O suspeito foi identificado e pode ter cometido os dois crimes. 

A boate foi interditada na terça porque tem irregularidades administrativas relacionadas a autorizações dadas pela Polícia Civil, como a cautela de armas na entrada da boate.