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MPF-RJ denuncia 15 suspeitos de tráfico internacional de drogas e lavagem de dinheiro

Do UOL, no Rio

04/06/2013 11h41Atualizada em 04/06/2013 12h26

O Ministério Público Federal no Rio de Janeiro denunciou à Justiça, nesta terça-feira (4), um grupo de 15 pessoas, entre brasileiros, colombianos, espanhóis e portugueses, investigados por associação, financiamento e tráfico internacional de drogas, além de lavagem do dinheiro.

Entre os denunciados está o colombiano Alexander Pareja, preso em Divinópolis (MG) após aceitar o convite de empresários mineiros uma festa, na noite de sexta-feira (31), segundo informações da Folha de S.Paulo. O sul-americano é apontado como chefe de uma quadrilha de narcotraficantes formada por outros quatro denunciados e aguarda sentença da 4ª Vara Federal Criminal.

A operação conjunta do MPF, Polícia Federal e Receita Federal, batizada "Nações Unidas", contou também com a colaboração das polícias dos Estados Unidos, Espanha, Portugal, Colômbia e Uruguai, e resultou em duas denúncias oferecidas pelo MPF junto à 7ª Vara Federal Criminal do Rio.

Foi decretada a prisão de 12 acusados e a expedição de mandados de busca e apreensão nos Estados do Pará, Rondônia, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo. A 7ª Vara decretou ainda o sequestro de imóveis, empresas e contas bancárias dos acusados, no total estimado em pelo menos R$ 5 milhões.

Prisões

Segundo a Polícia Federal, dez pessoas foram presas em ações executadas desde o feriado de Corpus Christi, na última quinta-feira (1º), dos quais sete no Brasil (Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Pará, São Paulo e Rondônia) e três na Europa (Portugal, Suíça e Espanha).

Os detidos são acusados de traficar cinco toneladas de cocaína, sendo parte dela de avião, acondicionada em peixes congelados. A atividade criminosa ocorria desde 2008, e só começou a ser investigada depois de um pedido da Guarda Civil Espanhola para que a PF investigasse um dos suspeitos de traficar cocaína para Madri.

O cunhado de Alexander Pareja, Henry Alejandro Rodriguez Gallego, o "El Negro", também está na lista de denunciados pelo Ministério Público Federal, mas foi morto há cerca de duas semanas em uma cidade do Panamá.

Denúncias

A primeira denúncia do MPF diz respeito ao crime de lavagem de dinheiro praticado pela quadrilha de Pareja --que já havia sido preso, em 2007, durante a Operação Platina, feita pela Polícia Federal, e liberado no ano seguinte. Segundo as investigações, o colombiano converteu em ativos lícitos recursos procedentes do narcotráfico, mediante a aquisição dissimulada, a partir de 2009, de imóveis e empresas de distintos ramos de atividade econômica, além da injeção oculta de recursos em usina de álcool localizada no interior de São Paulo.

Caso condenado, Pareja estará sujeito a penas que podem chegar a 20 anos de prisão. O Ministério Público Federal requisitou ainda a instauração de inquérito policial complementar para o aprofundamento das investigações de outros eventos possivelmente relacionados à lavagem de dinheiro praticada por Pareja.

Segundo o procurador da República Fábio Seghese, “o caso traz à tona a persistente e desembaraçada atuação criminosa de Alexander Pareja no Brasil, por ele definitivamente escolhido como um porto seguro para a ocultação e dissimulação de um fluxo permanente de ativos resultantes do narcotráfico”.

A segunda denúncia do MPF envolve dez pessoas investigadas pelo crime de associação para fins de narcotráfico internacional, entre as quais o cunhado de Pareja. Com base na cidade de Rio Grande (RS), o grupo liderado por El Negro enviou duas remessas dissimuladas de cocaína para a Europa entre outubro e novembro de 2012, que resultaram na apreensão de mais de 75 quilos da droga.

O esquema criminoso consistiria em camuflar a cocaína em meio a operações de exportação de pescado para Portugal, envolvendo empresas estabelecidas no ramo nos dois países. A droga era ocultada no interior de embalagens utilizadas na conservação do produto, que era despachado por via aérea a partir do Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre.

Caso sejam condenados, os acusados estarão sujeitos a penas de oito a 30 anos de prisão.

Patrimônio de R$ 10 milhões

Segundo a Polícia Federal, Pareja investia o dinheiro obtido com o tráfico na compra de imóveis, empresas e automóveis. Seu patrimônio é calculado em R$ 10 milhões.

Em entrevista à Folha, a advogada de Pareja, Janete Jane dos Santos, disse que o empresário pode estar sendo investigado pelo fato de ser colombiano. "Não sei o que aconteceu. Vou me informar. Imagino que ele e a família sofram tudo isso porque são colombianos", afirmou.

Ele já havia sido preso ao desembarcar no aeroporto de Guarulhos, na Grande São Paulo, há seis anos, em uma ação com apoio de agentes do DEA (Drug Enforcement Administration), a agência americana de repressão às drogas. Na época, segundo a PF, ele era acusado de "lavar" R$ 40 milhões em uma semana. Após um período preso, voltou para a rua em 2008 e, segundo os investigadores, reorganizou os negócios.