Manifestantes ocupam Câmara de Santa Maria (RS) por mais transparência em CPI da boate Kiss
Os personagens da tragédia
Os donos |
Mauro Hoffmann, 47, e Elissandro Spohr, o Kiko, 29, são os donos da casa noturna Kiss, onde aconteceu o incêndio que matou até agora 237 pessoas no dia 27 de janeiro. Eles são suspeitos de manter a boate sem plano contra incêndio adequado, com saídas de emergência insuficientes e equipamento, como extintores, defasados. Também é possível que o local estivesse superlotado. Ambos estão presos |
A banda |
A Gurizada Fandangueira se apresentava na boate na hora da tragédia. A suspeita para o início do incêndio é o uso de um sinalizador, inapropriado para um show fechado, durante a apresentação. A banda diz que sempre utilizou esse tipo de pirotecnia e alegam pane elétrica como causadora do fogo. O vocalista, Marcelo Santos, e o produtor Luciano Bonilha Leão estão presos. O gaiteiro Danilo Jaques, 30, morreu no incêndio |
O delegado |
O delegado regional Marcelo Arigony chefia a investigação. Ele, que também é professor de direito e perdeu alunos e uma prima de 18 anos na tragédia, já afirmou que a espuma usada como isolamento acústico na boate foi a grande vilã do incêndio e que a casa havia feito reformas "ao arrepio de qualquer fiscalização, por conta e risco dos proprietários" |
Responsável pelo primeiro alvará |
O então major Daniel da Silva Adriano, do Corpo de Bombeiros, assinou, em 2009, o alvará de prevenção e proteção contra incêndio da boate, válido por um ano. Foi esse documento que permitiu a abertura da casa |
Responsável pela renovação do alvará |
O capitão Alex da Rocha Camillo assinou a renovação do documento, em 2011. Segundo o registro, o local "foi inspecionado e aprovado, de acordo com a legislação vigente" |
O prefeito |
Cezar Schirmer (PMDB) foi reeleito prefeito de Santa Maria em 2012. O político vive um embate com o governo estadual, do petista Tarso Genro, responsável pelos bombeiros. O prefeito afirma que a prefeitura local não tem culpa pela tragédia e a aponta os bombeiros como responsáveis pela falta de fiscalização do sistema de combate a incêndios |
Desde a noite dessa terça-feira (25), cerca de 200 pessoas ocupam a Câmara de Vereadores de Santa Maria (286 km de Porto Alegre), no norte gaúcho. A principal reivindicação é saída da CPI (comissão parlamentar de inquérito) que investiga a responsabilidade de entes municipais na tragédia da boate Kiss de três vereadores que a integram. Na noite do dia 27 de janeiro, um incêndio consumiu a boate. Ao todo, 242 pessoas morreram.
O movimento que toma conta da sede do legislativo da cidade teve início na tarde dessa terça, durante caminha da pela região central de Santa Maria. Aproximadamente 500 pessoas pediam a redução do valor da tarifa do transporte público e mais transparência na CPI. Esta segunda exigência ganhou força depois que a gravação de uma conversa entre integrantes da comissão veio a público.
No áudio, a presidente da comissão, Maria de Lourdes Castro (PMDB), o vice, Tavores Fernandes (DEM), e um assessor, que seria o autor da gravação, tecem críticas à mudança de posicionamento da vereadora Sandra Rebelato (PP), relatora.
Eles afirmam que a investigação não pode atingir o secretário de Relações de Governo e Comunicação, Giovani Mânica, pois, a partir daí, alcançaria o nome do prefeito Cezar Schirmer (PMDB).
Os manifestantes dizem que só deixarão o prédio depois da renúncia dos três vereadores da CPI, da demissão do procurador-jurídico da Casa, Robson Zinn, e falam ainda na cassação do prefeito Cezar Schirmer - este último que teve o depoimento à comissão, que seria dado nesta manhã, cancelado.
"Essa sempre foi uma CPI fadada a uma grande decepção", avalia desabafou o presidente da AVTSM (Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia em Santa Maria).
Adherbal Ferreira
O impasse deve ser resolvido apenas após o pronunciamento da presidente da comissão, Adherbal Ferreira, que deve ocorrer à tarde. Até lá, os manifestantes prometem permanecer no prédio.
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