'Dor e raiva': pai de estudante de medicina morto por PM fala em covardia

O pai do estudante Marco Aurélio Cardenas Acosta afirmou que a atitude dos policiais militares que foram gravados baleando o jovem dentro de um hotel na zona sul de São Paulo foi covarde.

O que aconteceu

"Vi meu filho na emergência, sofrendo". Em entrevista à TV Globo, o médico Júlio César Acosta Navarro, que é médico, afirmou que encontrou o filho sendo socorrido no Hospital Ipiranga, para onde ele foi levado após o crime.

Segundo Júlio César, nenhum policial deu explicação para ele no hospital. Ele contou à TV que encontrou quatro viaturas na unidade de saúde e que só soube o que tinha acontecido quando viu pela TV os vídeos do filho sendo baleado.

Mãe acredita que os "traços estrangeiros" de Marco Aurélio podem ter contribuído para a ação violenta da PM. "Ninguém tira a minha ideia de que meu filho foi morto por xenofobia", disse Silvia Mônica Cardenas, que é peruana, também à TV Globo.

Os policiais deveriam ter um treinamento sobre onde [o tiro] é fatal, onde [o tiro] é para neutralizar. Sem contar que ele estava sem camisa, não tinha nada. Você vê que foi a maior covardia. Eu sinto dor, mas também sinto raiva.
Júlio César Acosta Navarro, pai de Marco Aurélio, à TV Globo

Família defende que Marco Aurélio foi executado pelos policiais. Ele não teria batido na viatura, como alegado pelos PMs. As imagens também não mostram ele tentando pegar a arma dos agentes, afirma a defesa.

Defesa também negou que Marco Aurélio tivesse agredido mulher que o acompanhava no hotel. À polícia, ela contou que era garota de programa e que o jovem devia dinheiro a ela. Segundo o advogado da família, ela era uma amiga do jovem e nenhuma briga aconteceu no local. "As discussões que ocorriam eram normais de casais, sem agressões físicas", afirmou.

Entenda o caso

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Um policial militar matou um homem com um tiro à queima-roupa em um hotel na zona sul de São Paulo na madrugada desta quarta. Os policiais envolvidos no caso foram afastados.

Os policiais chegaram ao local e viram o estudante "bastante alterado" e agressivo, segundo o boletim de ocorrência. Ele chegou a ir para cima dos policiais.

Em certo momento, ele teria tentado pegar a arma de fogo de um dos policiais, ocasionando no disparo. O resgate foi acionado e o estudante foi levado ao Hospital Ipiranga, mas morreu. Imagens das câmeras de segurança do hotel não mostram o estudante tentando pegar armas dos agentes.

A morte foi registrada como decorrente de intervenção policial. O agente que atirou no jovem teve sua arma apreendida.

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública afirma que está apurando o caso e confirmou o afastamento dos policiais. "As polícias Civil e Militar apuram as circunstâncias da morte de um homem de 22 anos, ocorrida na madrugada desta quarta-feira (20), na Vila Mariana, na capital paulista. Os policiais envolvidos na ocorrência prestaram depoimento, foram indiciados em inquérito e permanecerão afastados das atividades operacionais até a conclusão das apurações".

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