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PF prende no Rio espanhol suspeito de tráfico de drogas em três continentes

Policiais federais prendem o traficante espanhol Oliver Ortiz de Zarate Martins em um condomínio de luxo na Barra da Tijuca, no Rio - Severino Silva/Agência O Dia/Estadão Conteúdo
Policiais federais prendem o traficante espanhol Oliver Ortiz de Zarate Martins em um condomínio de luxo na Barra da Tijuca, no Rio Imagem: Severino Silva/Agência O Dia/Estadão Conteúdo

Carolina Farias

Do UOL, no Rio

27/06/2013 10h42Atualizada em 27/06/2013 15h12

A Polícia Federal no Rio de Janeiro indiciou o espanhol Oliver Ortiz de Zarate Martins por lavagem de dinheiro do tráfico no Brasil. Ele era investigado havia um ano pela DRE (Departamento de Repressão a Entorpecentes) e teve um mandado de prisão preventiva expedido na quarta-feira (26) pela Justiça Federal. Oliver é apontado como negociador e fornecedor de cocaína da Colômbia para a Austrália e Europa, segundo o delegado Paulo Teles, que comandou a investigação.

As atenções da DRE começaram a se voltar para o suspeito em 2011, quando a polícia australiana apreendeu 300 kg de cocaína em um veleiro que chegava ao país saído da Colômbia. “A polícia da Austrália informou que o negociador da droga era espanhol e morava no Rio. Começamos então a acompanhar a evolução do patrimônio dele, com a ajuda da Receita Federal. Não havia como ele explicar o crescimento dos bens”, disse Teles.

Além da prisão, a PF conseguiu o sequestro dos bens de cerca de R$ 20 milhões do espanhol, que chegou a ter uma boate e um restaurante no Rio, que funcionaram por aproximadamente um ano. “Ele lavava dinheiro comprando bens. Ele agia aqui desde 2009”, explicou o delegado.

Foram bloqueados para qualquer tipo de negociação uma cobertura tríplex na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, no valor de aproximadamente R$ 3 milhões, uma mansão na estrada do Joá no valor de R$ 4 milhões, uma boate e uma academia, ambos na Barra, um prédio onde funcionaria uma boate na Lapa, bairro boêmio do centro do Rio, e dois terrenos em Queimados, na Baixada Fluminense.

Também foi recolhida uma Ferrari 2011, que ainda estava na loja para receber a documentação do seguro, duas caminhonetes Hillux, e uma moto Harley-Davidson.

Segundo o delegado-chefe da DRE, João Luis Caetano, o foco da investigação foi a lavagem de dinheiro com base nas compras que o espanhol fez no Rio. “A PF está atenta para pessoas que acham que podem lavar dinheiro no Brasil. Nós preferimos descapitalizar para o criminoso não poder voltar do que apreender drogas e depois queimar a mercadoria”, disse o delegado.

Tráfico marítimo

O delegado que comandou a investigação explicou que Oliver negociava com traficantes na Colômbia para a cocaína sair direto do país para a Europa ou Austrália pelo mar. “Ele articulava as embarcações, geralmente veleiros, com tripulação que era de sua confiança”, disse Teles.

A Austrália – onde 1 kg de cocaína vale US$ 100 mil - começou a investigar Oliver após a chegada dos 300 kg da droga em 2011, mas abandonou a investigação pelo fato de o suspeito não morar no país, disse o delegado.

Oliver tinha situação regular, com documentos legalizados. Ele é casado com uma brasileira e tem um filho. O traficante vai ser ouvido na tarde desta quinta pela PF. A polícia não informou se o espanhol tem advogado.