Após confronto entre PM e manifestantes no Rio, Choque é acionado e 12 são presos
O protesto que reuniu pelo menos 10 mil pessoas --segundo estimativa da Polícia Militar-- no centro do Rio de Janeiro nesta quinta-feira (11) terminou em confronto entre policiais militares e manifestantes na Cinelândia. Por volta das 18h30, o Batalhão de Choque foi acionado para dispersar a multidão, e o canhão d'água, equipamento conhecido como "brucutu", chegou ao local por volta das 19h. Segundo a PM, manifestantes mascarados atiraram bombas artesanais no centro e um policial foi ferido na cabeça.
A Polícia Militar informou que 12 suspeitos foram presos e oito foram menores apreendidos. Eles foram levados para a 5ª DP (Gomes Freire). A confusão começou em frente ao Museu Nacional de Belas Artes, na avenida Rio Branco, quando manifestantes começaram a jogar pedras e garrafas nos policiais. Os PMs no local chamaram reforço e reagiram com bombas de gás de pimenta e balas de borracha.
A manifestação, convocada pelas centrais sindicais UGT (União Geral dos Trabalhadores), Força Sindical, CUT (Central Única dos Trabalhadores), CGTB (Central Geral dos Trabalhadores do Brasil), CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) e NCST (Nova Central Sindical dos Trabalhadores), foi encerrada pelos organizadores após o início da confusão. As pessoas que entraram em confronto com a PM jogaram lixo na avenida e incendiaram. A corporação informou que uma cabine da PM foi apedrejada no Largo da Carioca.
No Twitter, manifetantes acusaram a PM de apontar fuzis contra as pessoas na Lapa. Segundo a assessoria da PM, são usados só artefatos não-letais e as armas portadas pelos policiais são usadas apenas para sua própria defesa, não para conter distúrbios.
Por volta das 16h30, outro confronto teve início quando um grupo de manifestantes tentou romber o bloqueio policial no local e a PM revidou com bombas de gás lacrimogêneo. O primeiro princípio de confronto foi iniciado quando a PM se aproximou de uma manifestante que, segundo os policiais, teria quebrado uma vidraça da Igreja da Candelária. Para impedir que o jovem fosse detido, alguns black blocks, um grupo que costuma ir à frente das manifestações, todos vestidos de preto e mascarados, para revidar qualquer tipo de reação policial violenta, cercou os policiais militares. A multidão foi dispersada com as bombas de gás. Um grupo de manifestantes tentou expulsar os membros do Black Bloc do protesto, mas não conseguiu.
Com a confusão generalizada, a polícia desistiu da prisão do jovem, que, caído no chão após receber um jato de gás de pimenta, foi socorrido pelos outros manifestantes. Depois de alguns minutos de confronto, a multidão dispersou e os manifestantes seguiram rumo à Cinelândia.
Policiais do 5º BPM informaram que cerca de 300 homens do batalhão e da Polícia de Choque foram mobilizados para acompanhar a manifestação, que deveria partir em direção à Cinelândia e, depois, seguir até o Palácio Guanabara, sede do governo fluminense.
O público do ato foi fortalecido após a chegada de centenas de militantes de partidos de esquerda e de movimentos sociais, que iniciaram uma caminhada originada na Praça 15, também no centro, até a Candelária. Em discurso, as lideranças do ato afirmaram que o dia 11 de julho marca o início de uma "mobilização em prol da greve geral no Rio", e que as autoridades teriam sido "ingênuas" ao pensarem que a paralisação em massa ocorreria nesta quinta-feira. O governador Sérgio Cabral, recentemente envolvido em uma polêmica sobre o uso de helicópteros oficiais, é o político mais hostilizado pelos manifestantes.
"Enquanto o Cabral anda de helicóptero, os moradores da Baixada andam que nem sardinha em lata. Queremos metrô na Baixada Fluminense!", afirmou um dos representantes da CGTB do alto carro de som.
O deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), que está acompanhando a manifestação, demonstrou apoio ao protesto. “As centrais sindicais são importantes. Tanto os movimentos populares quanto os sindicais fortalecem a democracia”, afirmou.
Outro grupo de cerca de 50 pessoas saiu por volta das 15h30 da sede da prefeitura em passeata pela pista lateral sentido centro da avenida Presidente Vargas, que não chegou a ser interditada. Eles deverão seguir até o prédio da estação ferroviária Central do Brasil.
Os manifestantes carregam cartazes pedindo o fim do voto obrigatório e o impeachment do governador Sérgio Cabral (PMDB), entre outras reivindicações, como a desmilitarização da Polícia Militar. O grupo está sendo acompanhado por uma viatura da PM.
Para evitar depredações durante a manifestação, 60 agências bancárias do centro do Rio de Janeiro não abriram as portas, e ainda lacraram as fachadas com tapumes de madeira. De acordo com o Sindicato dos Bancários do Rio, são 1.500 funcionários da categoria parados por causa do fechamento dos bancos.
O Sindicato dos Bancários, que não reconhece a greve, informou que os bancos fecharam por causa do protesto. As agências ficam nas avenidas Rio Branco e Presidente Vargas e no entorno da igreja da Candelária, ponto de concentração das manifestações, marcadas para as 15h.
A central de distribuição dos Correios, em Benfica, na zona norte da capital, ficou sem receber caminhões com correspondências desde as 4h por causa do protesto de trabalhadores da categoria. Cerca de 50 caminhões foram impedidos por manifestantes de entrar no local. O depósito é responsável pelo despacho de mais de 80% das correspondências de todo o Estado.
Conheça as centrais que organizam as manifestações
Central | Nº de sindicatos | Nº de filiados | Presidente/ coordenador | Partido ligado | Quanto receberam do imposto sindical* |
CUT (Central Única dos Trabalhadores) | 2.169 | 2,7 milhões | Vagner Freitas, ligado aos bancários de SP | PT | R$ 45,7 milhões |
Força Sindical | 1.680 | 1,05 milhão | Paulinho da Força, ligado aos metalúrgicos de SP | PDT | R$ 41,8 milhões |
UGT (União Geral dos Trabalhadores) | 1.044 | 848,9 mil | Ricardo Patah, ligado aos comerciário de SP | PSD e PPS | R$ 26,6 milhões |
NCST (Nova Central Sindical de Trabalhadores) | 1.039 | 611 mil | José Calixto Ramos, ligado aos metalúrgicos do Recife | PMDB | R$ 18,6 milhlões |
CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) | 624 | 695 mil | Wagner Gomes, ligado aos metroviários de SP | PC do B | R$ 9 milhões |
CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros) | 363 | 242,3 mil | Antonio Neto, ligado aos trabalhadores de processamento de dados de SP | PMDB | ---------- |
CGTB (Central Geral dos Trabalhadores do Brasil) | 281 | 226 mil | Ubiraci Dantas Oliveira, foi ligado aos metalúrgicos de SP | PPL | ---------- |
CSP/Conlutas | 85 | 177,5 mil | José Maria de Almeida, ligado aos metalúrgicos de Betim (MG) | PSTU e PSOL | ---------- |
- *Em 2012. As centrais reconhecidas pelo governo recebem imposto sindical
- Fonte: "Folha de S.Paulo"
O sindicato diz que são cerca de 5.000 trabalhadores parados desde a 0h de hoje --segundo os Correios, apenas 4% do efetivo de 120 mil trabalhadores da empresa.
Pauta de reivindicações das centrais sindicais
Redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas;
Fim do fator previdenciário;
10% do PIB (Produto Interno Bruto) para educação;
Investimentos em saúde conforme disposto na Constituição;
Fim dos leilões do petróleo;
Redução de tarifas e melhorias no transporte público;
Rejeição do Projeto de Lei 4330, que amplia as terceirizações;
Realização da reforma agrária
De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios, Ronaldo Martins, os funcionários reivindicam a redução da jornada de trabalho, mais recursos para a educação e saúde, fim das terceirizações e o fim do fator previdenciário, com valorização das aposentadorias.
Na região metropolitana, um protesto fechou parcialmente faixas da BR-463, em Itaguaí. Manifestantes atearam fogo em pneus em frente à Nuclep (Nuclebras Equipamentos Pesados), que fabrica cascos de submarino e equipamentos para plataformas de petróleo e para usinas nucleares. Segundo a Polícia Rodoviária Federal, o protesto durou cerca de 30 minutos e a pista foi liberada. O protesto não causou lentidão porque a rodovia tem movimento fraco de veículos. A empresa fechou nesta quinta porque os funcionários aderiram à paralisação nacional e participaram de manifestação na rodovia, de acordo com a assessoria da empresa.
No norte fluminense, manifestantes bloquearam no início da manhã uma ponte que liga os municípios de Rio das Ostras e Macaé e atearam foto em pneus. O protesto, coordenado pelo Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF) e pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), tem a participação de outros movimentos sociais. Além das pautas nacionais, os manifestantes de Macaé pedem a redução dos gastos da prefeitura e da Câmara Municipal e saneamento básico em todo o município.
De acordo com o Sepe (Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação), cerca de 40% dos professores da rede estadual aderiram à greve durante a manhã, porém, o balanço completo da instituição só poderá ser informado ao final do dia. Já a Secretaria Estadual da Educação informou que somente 124 professores não foram ao trabalho nos municípios de Barra Mansa, Volta Redonda, Angra dos Reis, Rio das Ostras e Macaé. Essa quantidade de docentes representa 0,1% da categoria, segundo o órgão.
Grupo faz fogueiras para se proteger da PM em protesto no RJ
Os ônibus deixaram de circular em Volta Redonda, no Vale do Paraíba. O Movimento Passe Livre da cidade convocou a paralisação dos transportes do município, e a categoria aderiu. A cidade ficou sem ônibus até aproximadamente 10h, quando os veículos voltaram a circular aos poucos, de acordo com a prefeitura.
Em Campos dos Goytacazes, no norte fluminense, representantes do movimento sindical se concentram na praça São Salvador, no centro, para uma manifestação prevista para as 15h de hoje. Segundo o vice-presidente do Sindicato dos Bancários de Campos, Eder Reis, os bancários do município estão parados. De acordo com o Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF), os eletricitários também aderiram à paralisação, mas não houve interrupção no fornecimento de energia. Além das pautas nacionais, os manifestantes pedem investimentos municipais em saúde e educação e mais transparência no uso dos royalties do petróleo. (Com Estadão Conteúdo)
*Colaborou Paula Bianchi
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