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Com medo de vandalismo, 60 bancos fecham no centro do Rio; manifestantes fecham Correios

Carolina Farias e Julia Affonso

Do UOL, no Rio

11/07/2013 12h17Atualizada em 11/07/2013 18h14

Para evitar depredações durante a manifestação marcada para a tarde desta quinta-feira (11), 60 agências bancárias do centro do Rio de Janeiro não abriram as portas, e ainda lacraram as fachadas com tapumes de madeira. De acordo com o Sindicato dos Bancários do Rio, são 1.500 funcionários da categoria parados por causa do fechamento dos bancos.

Pauta de reivindicações das centrais sindicais

Redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas;

Fim do fator previdenciário;

10% do PIB (Produto Interno Bruto) para educação;

Investimentos em saúde conforme disposto na Constituição;

Fim dos leilões do petróleo;

Redução de tarifas e melhorias no transporte público;

Rejeição do Projeto de Lei 4330, que amplia as terceirizações;

Realização da reforma agrária

Cerca de 50 pessoas se reuniam na candelária por volta das 14h, a maioria representantes das Centrais Sindicais UGT (União Geral dos Trabalhadores), Força Sindical, CUT (Central Única dos Trabalhadores), CGTB (Central Geral dos Trabalhadores do Brasil), CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) e NCST (Nova Central Sindical dos Trabalhadores).

"Nossa pauta é dos trabalhadores e da sociedade em geral. Queremos convencer o governo federal e setor legislativo a destrancar a pauta trabalhista. Nossa reivindicação mais antiga, a PL 231/95, que reduz a jornada de trabalho, está há 18 anos na Câmara dos Deputados", disse Marco Antônio Lagos de Vasconcellos, vice-presidente da Força Sindical.

Policiais do 5º BPM informaram que cerca de 300 homens do batalhão e da Polícia de Choque foram mobilizados para acompanhar a manifestação, que devem partir em direção à Cinelândia e, depois, seguir até o Palácio Guanabara, sede do governo fluminense.

O Sindicato dos Bancários, que não reconhece a greve, informou que os bancos fecharam por causa do protesto. As agências ficam nas avenidas Rio Branco e Presidente Vargas e no entorno da igreja da Candelária, ponto de concentração das manifestações, marcadas para as 15h.

A central de distribuição dos Correios, em Benfica, na zona norte da capital, está sem receber caminhões com correspondências desde as 4h por causa do protesto de trabalhadores da categoria. Cerca de 50 caminhões foram impedidos por manifestantes de entrar no local. O depósito é responsável pelo despacho de mais de 80% das correspondências de todo o Estado.

Ao menos seis carros da Polícia Militar estão no local, informou o sindicato, mas o movimento é pacífico.

O sindicato diz que são cerca de 5.000 trabalhadores parados desde a 0h de hoje.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios, Ronaldo Martins, os funcionários reivindicam a redução da jornada de trabalho, mais recursos para a educação e saúde, fim das terceirizações e o fim do fator previdenciário, com valorização das aposentadorias.

“Os funcionários dos Correios estão abandonados. É inadmissível que um serviço tão importante para a população seja deixado de lado pelos nossos governantes e, é claro, também estamos na luta com todo o povo brasileiro por melhorias em todos os serviços públicos”.

Ainda segundo Ronaldo Martins, agências da zona oeste e dos municípios de Niterói e São Gonçalo, na região metropolitana, Campos dos Goytacazes, no norte fluminense, e da Baixada Fluminense, aderiram à greve.

Na região metropolitana, um protesto fechou parcialmente faixas da BR-463, em Itaguaí. Manifestantes atearam fogo em pneus em frente à Nuclep (Nuclebras Equipamentos Pesados), que fabrica cascos de submarino e equipamentos para plataformas de petróleo e para usinas nucleares. Segundo a Polícia Rodoviária Federal, o protesto durou cerca de 30 minutos e a pista foi liberada. O protesto não causou lentidão porque a rodovia tem movimento fraco de veículos. A empresa fechou nesta quinta porque os  funcionários aderiram à paralisação nacional e participaram de manifestação na rodovia, de acordo com a assessoria da empresa.

No norte fluminense, manifestantes bloquearam no início da manhã uma ponte que liga os municípios de Rio das Ostras e Macaé e atearam foto em pneus. O protesto, coordenado pelo Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF) e pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), tem a participação de outros movimentos sociais. Além das pautas nacionais, os manifestantes de Macaé pedem a redução dos gastos da prefeitura e da Câmara Municipal e saneamento básico em todo o município.  

De acordo com o Sepe (Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação), cerca de 40% dos professores da rede estadual aderiram à greve durante a manhã, porém, o balanço completo da instituição só poderá ser informado ao final do dia. Já a Secretaria Estadual da Educação informou que somente 124 professores não foram ao trabalho nos municípios de Barra Mansa, Volta Redonda, Angra dos Reis, Rio das Ostras e Macaé. Essa quantidade de docentes representa 0,1% da categoria, segundo o órgão.

Os ônibus deixaram de circular em Volta Redonda, no Vale do Paraíba. O Movimento Passe Livre da cidade convocou a paralisação dos transportes do município, e a categoria aderiu. A cidade ficou sem ônibus até aproximadamente 10h, quando os veículos voltaram a circular aos poucos, de acordo com a prefeitura.

Em Campos dos Goytacazes, no norte fluminense, representantes do movimento sindical se concentram na praça São Salvador, no centro, para uma manifestação prevista para as 15h de hoje. Segundo o vice-presidente do Sindicato dos Bancários de Campos, Eder Reis, os bancários do município estão parados.

De acordo com o Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF), os eletricitários também aderiram à paralisação, mas não houve interrupção no fornecimento de energia. Além das pautas nacionais, os manifestantes pedem investimentos municipais em saúde e educação e mais transparência no uso dos royalties do petróleo. (Com Agência Brasil)

Conheça as centrais que organizam as manifestações

CentralNº de sindicatosNº de filiadosPresidente/ coordenadorPartido ligadoQuanto receberam do imposto sindical*
CUT (Central Única dos Trabalhadores)2.1692,7 milhõesVagner Freitas, ligado aos bancários de SPPTR$ 45,7 milhões
Força Sindical1.6801,05 milhãoPaulinho da Força, ligado aos metalúrgicos de SPPDTR$ 41,8 milhões
UGT (União Geral dos Trabalhadores)1.044848,9 milRicardo Patah, ligado aos comerciário de SPPSD e PPSR$ 26,6 milhões
NCST (Nova Central Sindical de Trabalhadores)1.039611 milJosé Calixto Ramos, ligado aos metalúrgicos do RecifePMDBR$ 18,6 milhlões
CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil)624695 milWagner Gomes, ligado aos metroviários de SPPC do BR$ 9 milhões
CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros)363242,3 milAntonio Neto, ligado aos trabalhadores de processamento de dados de SPPMDB----------
CGTB (Central Geral dos Trabalhadores do Brasil)281226 milUbiraci Dantas Oliveira, foi ligado aos metalúrgicos de SPPPL----------
CSP/Conlutas85177,5 milJosé Maria de Almeida, ligado aos metalúrgicos de Betim (MG)PSTU e PSOL----------
  • *Em 2012. As centrais reconhecidas pelo governo recebem imposto sindical
  • Fonte: "Folha de S.Paulo"