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Argentinos na Jornada se impressionam com pobreza na periferia

Turistas argentinas que estão em Brás de Pina, na periferia do Rio de Janeiro; eles vieram para a JMJ - Felipe Martins/UOL
Turistas argentinas que estão em Brás de Pina, na periferia do Rio de Janeiro; eles vieram para a JMJ Imagem: Felipe Martins/UOL

Felipe Martins

Do UOL, no Rio

24/07/2013 16h27

Em Brás de Pina não tem praia, não tem calçadas com pedras portuguesas, nem monumentos. Nesse bairro do subúrbio carioca, na Igreja Santo Antônio, estão abrigados aproximadamente 120 argentinos para a Jornada Mundial da Juventude. A igreja fica em um dos acessos à favela do Quitungo, ainda não pacificada.

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  • Arte/UOL

Moradora da província de Salta, Mercedes Moya, 50, se disse impressionada com a pobreza que encontrou. “Vi muitas crianças pobres caminhando pela rua. A gente sabia que no Brasil existia pobreza, mas ao caminhar por aqui a gente se surpreende com a realidade. Não que na Argentina não exista pobreza, pelo contrário, também há muita gente desempregada”, disse.

A peregrina Florencia Barberes, 21, já passou por um susto  ao chegar  na cidade. “O motorista errou um caminho e passou por um lugar muito pobre. Ele nos orientou a fechar as janelas, pois temia que o ônibus fosse alvo de pedras. Fiquei com muito medo. Nós, como somos de outro país, sabemos que somos, como em qualquer lugar do mundo, alvos mais fáceis de criminosos”, disse.

 

Na terça-feira (23), os argentinos tiveram a primeira atividade fora da igreja. Eles foram assistir a primeira missa da Jornada, em Copacabana, zona sul do Rio. Para isso, precisavam chegar à estação de metrô mais próxima, localizada em Vicente de Carvalho, bairro próximo.

Entretanto, tiveram que lidar com outro problema que os moradores de Brás de Pina convivem, a deficiência do transporte público.

Próxima à igreja passa apenas uma linha de ônibus que tem o metrô no trajeto, com intervalos que chegam há 20 minutos entre um ônibus e outro. Com isso, mesmo com o cartão que lhes dá gratuidade, eles preferiram caminhar por cerca de quarenta minutos para chegar à estação de metrô mais próxima.

“Não tinha como colocar 120 jovens num ônibus e nem dividi-los com intervalos tão grandes entre os ônibus, mas eles foram animados cantando, tocando violão”, disse o coordenador do grupo, Sergio Veronese.

O bairro de Vicente de Carvalho é dividido pela estação do metrô. Em um contraste local, em um lado do bairro está o morro do Juramento, refúgio de traficantes oriundos de comunidades pacificadas. No lado oposto, há próximo um shopping com salas de cinema de uma multinacional e lojas que vendem roupas de grifes estrangeiras --as peças mais baratas não saem por menos de R$200.

A adolescente Carla Chas, 16, disse que esperava algo mais próximo das fotos que viu na internet. “Aqui não é a realidade que eu via nos sites. Não têm as calçadas desenhadas, as praias. Mas essa realidade não é algo que não estamos acostumados. Além do mais, é importante conhecer tudo”, disse.

Os argentinos, contudo, são unânimes ao definir algo que une a zona norte à zona sul da cidade, o carinho do povo carioca. “São muito alegres, carismáticos, nos tratam como se fossemos pessoas conhecidas, da família. São todos muito amáveis”, declarou Maria Nardelle, 17. “Nós na Argentina somos mais reservados. Aqui o povo que canta nas ruas”, disse Jaqueline Peralta,16.