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Papa cita racismo e intolerância religiosa como "cruzes" do mundo, e lembra vítimas da Kiss

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Do UOL, no Rio

26/07/2013 19h37

O papa Francisco fez referência ao racismo, à intolerância religiosa e às vítimas da boate Kiss em seu discurso logo após a Via Sacra, um dos atos centrais da Jornada Mundial da Juventude, na noite desta sexta-feira (26), em Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro.

De acordo com o pontífice, os preconceitos racial e religioso são "cruzes" que o mundo atual carrega e que acabam suscitando questionamentos entre os católicos acerca da fé na Igreja e em Jesus Cristo. Ele também pediu orações para os familiares dos 242 jovens que morreram no incêndio da boate Kiss, em Santa Maria (RS).

O santo padre mencionou ainda outros temas frequentemente debatidos por instituições religiosas e pela sociedade civil, tais como a dependência química, as vítimas da violência urbana, a fome "num mundo que todos os dias joga fora toneladas de comida", a corrupção política e religiosa, entre outros.

"Com a Cruz, Jesus se une ao silêncio das vítimas da violência, que já não podem clamar, sobretudo os inocentes e indefesos; nela Jesus se une às famílias que passam por dificuldades, que choram a perda de seus filhos, ou que sofrem vendo-os presas de paraísos artificiais como a droga; nela Jesus se une a todas as pessoas que passam fome, num mundo que todos os dias joga fora toneladas de comida; nela Jesus se une a quem é perseguido pela religião, pelas ideias, ou simplesmente pela cor da pele; nela Jesus se une a tantos jovens que perderam a confiança nas instituições políticas, por verem egoísmo e corrupção, ou que perderam a fé na Igreja, e até mesmo em Deus, pela incoerência de cristãos e ministros do Evangelho", disse.

Francisco iniciou seu discurso lembrando o Ano Santo da Redenção, em 1984, quando o então papa João Paulo 2º entregou aos jovens a cruz que se tornaria um dos principais símbolos da JMJ.

Nos últimos dois anos, "A Cruz da Jornada" percorreu várias cidades brasileiras, como lembrou o próprio pontífice ao fazer três perguntas aos milhares de peregrinos que lotam a praia de Copacabana: "O que vocês terão deixado na Cruz, queridos jovens brasileiros, nestes dois anos em que ela atravessou seu imenso País? E o que terá deixado a Cruz de Jesus em cada um de vocês? E, finalmente, o que esta Cruz ensina para a nossa vida?".

Antes de mencionar problemas sociais, o papa disse aos fiéis que "ninguém pode tocar a Cruz de Jesus sem deixar algo de si mesmo nela e sem trazer algo da Cruz de Jesus para sua própria vida". A cruz, segundo o chefe da Igreja Católica, é um símbolo que reúne "o sofrimento e o pecado do homem".

OPINIÃO: Mário Magalhães

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"Ele acolhe tudo com seus braços abertos, carrega nas suas costas as nossas cruzes e nos diz: Coragem! Você não está sozinho a levá-la! Eu a levo com você. Eu venci a morte e vim para lhe dar esperança, dar-lhe vida", disse.

História do Brasil

Ao discursar sobre a Cruz da Jornada, Francisco lembrou do fato de que o Brasil já se chamou "Terra de Santa Cruz".

"A Cruz de Cristo foi plantada não só na praia, há mais de cinco séculos, mas também na história, no coração e na vida do povo brasileiro e não só: o Cristo sofredor, sentimo-lo próximo, como um de nós que compartilha o nosso caminho até o final. Não há cruz, pequena ou grande, da nossa vida que o Senhor não venha compartilhar conosco", afirmou.

Houve um pequeno erro no texto lido pelo papa, que disse ter sido "Terra de Santa Cruz" o "primeiro nome dado ao Brasil". Na verdade, a primeira nomenclatura dada logo após o descobrimento, em 1500, foi "Ilha de Vera Cruz", sendo o território anteriormente chamado de "Pindorama" --nome dado pelos indígenas.

Por fim, o pontífice convidou a multidão de jovens a "se contagiar pelo amor de Cristo", a levar para a Cruz peregrina "alegrias", "sofrimentos" e "fracassos".

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