Após anunciar R$ 8 bi, Dilma diz que SP representa o maior desafio para mobilidade
A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta quarta-feira (31) que a cidade de São Paulo representa o maior desafio para a mobilidade urbana entre as metrópoles do país. Ela fez a declaração ao anunciar um total de R$ 8 bilhões em recursos para a capital paulista, conforme havia antecipado ontem o prefeito Fernando Haddad (PT). Desse valor, R$ 3,1 bilhões serão destinados para o sistema de transporte coletivo.
"É justo que a cidade de São Paulo receba os primeiros R$ 8 bilhões porque aqui está concentrado o maior desafio do país”, disse a presidente. “O esforço de enfrentar os desafios de mobilidade urbana significa começar a combater a distribuição desigual do espaço urbano e a marginalização da população das periferias.”
A medida é uma resposta do governo federal aos protestos de junho, que se espalharam pelo país a partir da capital paulista. Dilma também busca fortalecer Haddad no maior palanque eleitoral do país
Para Dilma, o investimento em transporte coletivo servirá para reduzir os impactos da ocupação desigual do espaço urbano. “Se você empurra [as pessoas] para as periferias, o transporte tem que ligar com o centro”, afirmou.
Segundo ela, os recursos federais servirão para construir 99 quilômetros de corredores exclusivos de ônibus na capital paulista. Na estimativa da presidente, a cidade tem hoje 126 quilômetros de corredores.
"Aqui está concentrado o maior desafio do Brasil"
Dilma comparou o desafio de melhorar o transporte urbano à redução de desigualdades regionais identificada pelo Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, divulgado na segunda-feira (29) pelo Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento).
“Assim como nós fomos capazes de melhorar tudo isso [índices de educação, renda e longevidade], tenho certeza que com trabalho árduo nós também somos capazes de garantir a devolução do tempo para as pessoas”, afirmou.
Além de recursos para mobilidade, também foram anunciados recursos para drenagem de córregos e para o projeto mananciais, na área das represas Billings e Guarapiranga. Dilma também anunciou que as 15 mil moradias a serem construídas com recursos federais têm relação com a obra de recuperação de mananciais.
Investimentos federais na cidade de São Paulo
Programa | Valor dos investimentos |
Drenagem em córregos como morro do S e Paciência, entre outros | R$ 1,4 bilhão + R$ 254 milhões do Minha Casa Minha Vida |
Projeto Mananciais (construção de 15 mil unidades do Programa Minha Casa Minha Vida) | R$ 2,2 bilhão + R$ 1,1 bilhão do Minha Casa Minha Vida |
Mobilidade urbana | R$ 3,1 bilhões |
Parceria
Em sua fala antes de Dilma, Haddad usou a cerimônia para criticar a falta de parcerias entre o município e o governo federal que ocorria nos últimos anos.
“Eu não tenho lembrança de um presidente da República vir a São Paulo anunciar um pacote de medidas tão amplo e que dialoga com tantos bairros da cidade [como esse]”, afirmou.
Haddad também disse ser errado que a cidade de São Paulo, por ser grande e rica, se isole dos fluxos de investimento público federais. “Foi um equívoco achar que nossa grandeza nos dava condições de isolamento. É o contrário, aquele que é grande não pode se isolar. O sucesso de São Paulo faz parte do sucesso do Brasil”, afirmou.
Segundo o prefeito, São Paulo tem 1,5 mil km2 de área e, do ponto de vista territorial, é uma cidade média. Mas reúne 11 milhões de habitantes – 5% da população do país – e produz 12% da riqueza nacional. Para o prefeito, investimentos federais nas cidades são uma das chaves para retomar o crescimento econômico do país.
Sabatina
Na terça-feira (30), em sabatina realizada pela Folha e pelo UOL, o prefeito já havia anunciado que o governo federal investiria R$ 8 bilhões na cidade por meio do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) São Paulo.
"Nós somos grandes demais para nos isolarmos"
Ele também informou que a Planta Genérica de Valores (PGV) --documento que contém o valor do metro quadrado das áreas da cidade-- será reajustada em 2014. Com isso, o IPTU (Imposto Predial Territorial Urbano) da maioria dos moradores da capital paulista deverá subir.
Sobre a questão dos transportes, o prefeito disse que ainda que existe um oligopólio na produção de ônibus, o que ajuda a encarecer o custo do transporte público.
"Precisamos escancarar os problemas que enfrentamos. A produção de ônibus no Brasil é muito concentrada, com duas ou três empresas na produção", disse. "É um modelo oligopolizado já na produção. Há uma dificuldade, uma barreira de entrada de novos atores no mercado. Quem é que tem 1.000, 2.000, 5.000 ônibus para disputar o mercado agora."
Haddad afirmou que, segundo estudo, algumas avenidas que levam ao centro expandido acabam diminuindo o efeito do rodízio. "A ideia não era expandir nem os dias nem os horários, mas estender para essas artérias, dando conta de que elas são responsáveis por 20% do trânsito."
A decisão, contudo, não será tomada de supetão. "Cabe uma discussão com a sociedade. Podemos testar hipóteses, durante um mês ou uma semana."
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