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Oito dias após chacina, vandalismo e gato preto 'abandonado' marcam local de crime na zona norte de SP

Janaina Garcia

Do UOL, em São Paulo

14/08/2013 06h25

Oito dias depois da chacina que deixou mortos cinco integrantes de uma mesma família, na Brasilândia, zona norte de São Paulo, as cenas de vandalismo nas casas em que os crimes aconteceram aumentaram e atingiram também os vizinhos.

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  • http://noticias.uol.com.br/enquetes/2013/08/08/voce-acredita-na-versao-dada-pela-policia-para-a-morte-dos-pms-e-de-sua-familia-em-sao-paulo.js

A residência em que foram encontrados os corpos do sargento da Rota Luís Marcelo Pesseghini, 40, da cabo da PM Andréia Pesseghini, 36, e do filho do casal, Marcelo Pesseghini, 13, por exemplo, agora tem pichadas também as paredes da fachada, por dentro dos portões –os quais, até semana passada, eram os únicos alvos dos pichadores com a mensagem “Que a verdade seja dita”.

O muro da casa em que moravam a avó do menino, Berenice Oliveira, 65, e a tia-avó, Bernadete Oliveira, 55, também foi alvo dos pichadores. Um pequeno salão de beleza e um boteco localizados na parte térrea do terreno, alugadas por dona Berenice, também ganharam pichações após o crime.

  • Janaina Garcia/UOL

    Gato de Berenice, que morreu, mora na casa da dona e está abandonado, segundo vizinhos

  • Janaina Garcia/UOL

    Severino José da Silva, 76, e sua mulher, Mara Maria da Silva, 83, eram vizinhos da família

Inabitados os imóveis desde a chacina, ao menos a casa de dona Berenice --Berê, como era conhecida no bairro-- tem um morador cativo: um gato preto que, de acordo com os vizinhos, está abandonado desde domingo.

“Ela tinha esse gato e um marronzinho, que foi embora. O pretinho fica andando pelo muro, para em frente à janela do quarto dela e mia várias vezes ao dia”, contou um vizinho que não quis se identificar.

Um casal de idosos que vende doces na rua que faz fundo ao muro de dona Berenice apontou o gato no muro para a repórter e reforçou: “Ele fica agora aí e só mia. Está magrinho, pode reparar”, disse Severino José da Silva, o marido de 76 anos. a mulher dele, Mara Maria da Silva, 83, se emocionou ao lembrar da vizinha.

Eles chegaram à Brasilândia há pouco mais de 40 anos. A família da cabo Andréia, disseram, estava ali há cerca de três décadas.

“A Berê e o neto brincavam ali em cima e ela acena aqui para nós. Esse menino era o bibelô dela, moça”, disse dona Maria. Se um dia a comunidade vai superar o que ela classificou como “um choque”? “Nunca mais as pessoas daqui vão se esquecer disso.”

Avó de estudante "era uma pessoa de muita fé"

Locatária de uma das três salas de dona Berenice nas imediações, uma cabeleireira que também pediu para não ser identificada disse não acreditar na hipótese de o neto da aposentada ser o autor da chacina.

“Dona Berê era muito religiosa, era uma pessoa de muita fé. Ela me ajudou quando eu estava com depressão e era muito devota de Santo Expedito. Desculpe, mas não tem como acreditar que o neto que era tão amoroso com ela tenha feito isso. Ninguém aqui no bairro acredita nessa história”, afirmou.

Vizinha do casal de PMs, a dona de casa Geralda Pereira Silva, 60, disse ter sabido há poucos meses que os pais de Marcelo eram policiais. Ela também negou ter visto, em algum momento, o estudante dirigir o carro da mãe pelo bairro –habilidade que um PM amigo de Andréia disse à Polícia Civil que o menino possuía.

“Moro há 23 anos no bairro, mas nunca via essa família na rua. Era muito raro. A gente vai retomando a vida aqui aos poucos, mas é uma tristeza grande para todo mundo”, relatou.