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Testemunhas apontam que menino matou família em 10 minutos, diz advogado

Larissa Leiros Baroni

Do UOL, em São Paulo

26/08/2013 20h15

O estudante Marcelo Pesseghini, 13, teria levado cerca de dez minutos para matar o pai [o sargento da Rota Luís Marcelo Pesseghini], a mãe [a cabo Andréia Regina], a avó Benedita e a tia-avó Bernadete na madrugada do dia 5 de agosto, na Vila Brasilândia, zona norte de São Paulo. Foi o que informou Arles Gonçalves Júnior, presidente da Comissão de Segurança Pública da OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo), ao fazer referência aos depoimentos dos vizinhos da família.

"Os dois primeiros tiros foram ouvidos por volta da 0h20 e os outros três à 0h30. Dez minutos depois, as testemunhas disseram ter visto um carro saindo da garagem da casa", conta Gonçalves Júnior, que acompanha as investigações do caso. Segundo ele, os vizinhos não notificaram a polícia no dia do crime porque não sabiam identificar de onde partiram os disparos. 

Os laudos, que devem ser divulgados ainda nesta semana, devem precisar ainda mais a hora das mortes. A previsão, de acordo com o representante da OAB, é que o inquérito policial seja concluído em até 15 dias. "Aguardamos apenas os resultados das perícias e a conclusão das últimas oitivas para finalizarmos os autos, que indicam o garoto como sendo o autor do crime."

Nesta segunda-feira (26), dois policiais militares que trabalharam com a cabo Andréia foram ouvidos pelos investigadores do DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa). Outros policiais, como notificou Gonçalves Junior, também prestarão depoimento nesta semana para que o perfil dos pais do garoto seja traçado e para saber se eles estavam sendo ameaçados.

Dois estudantes que aparecem em um vídeo ao lado do garoto na manhã do crime também devem voltar a prestar depoimento no DHPP. A investigação também aguarda os resultados dos laudos do Instituto Médico Legal e do Instituto de Criminalística, além da escuta telefônica da família e da perícia do computador de Marcelo. 

Ainda assim Gonçalves Junior acredita ser difícil ter uma reviravolta no caso. "Não há nenhuma controvérsia nos autos, o que deixa evidente a autoria do menino de 13 anos no crime", relata ele, que descarta qualquer tipo de manipulação da polícia na direção dessa tese, que foi apontada logo no primeiro dia do caso.

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O advogado cita a declaração de dois colegas de escola de Marcelinho para confirmar a autoria do garoto no crime. Um deles chegou a dizer que o amigo teria confessado ter matado a mãe e o pai. Já o outro ouviu dele que a avó e a tia-avó também tinha sido suas vítimas. 

Gonçalves Junior também descarta a possibilidade de uma terceira pessoa ter participado da chacina. "Como um garoto veria uma pessoa matar seus pais e ir para escola sem relatar o caso para ninguém?", questiona ele, que disse ter sido descartado pelos peritos uma alteração na cena do crime. 

Na opinião do advogado, a tragédia passa a ser um "divisor de águas" e serve para "repassar a criação de filhos", principalmente a "forma como policiais criam os seus filhos". Ele, no entanto, diz ser difícil determinar a motivação do crime. "Possivelmente houve a influência de um jogo que incita a violência, mas esse talvez não seja o único motivo."

Entre os depoimentos da semana, dois colegas de Marcelo chegaram a dizer à polícia que o menino confessou o crime a eles na escola, horas depois de matar os pais. Nenhum deles, no entanto, relatou ter dado atenção aos comentários, já que ele teria sorrido ao contar o fato. A Polícia Civil, segundo uma reportagem do "Agora", investiga ainda se o estudante foi armado à escola no último dia 5 para matar a diretora do colégio. 

Já a médica Neiva Damasceno, ouvida na última quinta-feira (22), afirmou que a fibrose cística do estudante não causava nenhuma alteração de comportamento no menino. Ela também negou qualquer influência dos remédios, tomados pelo garoto para conter o avanço da doença, na postura dele. Neiva acompanhava o tratamento de Marcelo desde que ele tinha um ano de idade.