Ministério Público denuncia mulheres que atacaram casal gay em padaria
O Ministério Público de São Paulo denunciou Jaqueline Santos Ludovico e Laura Athanassakis Jordão por lesão corporal e injúria racial. As duas mulheres foram acusadas de proferir ofensas homofóbicas a um casal dentro de uma padaria na Santa Cecília, bairro na região central da capital paulista.
O que aconteceu
Em caso de condenação, mulheres podem ser presas. As penas máximas previstas em lei podem chegar a 12 anos para Jaqueline e 10 anos para Laura.
Denúncia do MP também estabelece indenização às vítimas. A ação fixou ainda uma compensação mínima de 10 salários de Jaqueline e 5 de Laura para pagar ao casal.
Não há legislação para crimes de homofobia. A falta de uma lei para tipificar ofensas contra pessoas LGBTQIA+, fez com que o STF reconhecesse que esses casos podem ser enquadrados como injúria racial.
O UOL tentou contato com a defesa de Jaqueline, mas não teve retorno até a publicação deste texto. Os advogados de Laura não foram localizados.
Entenda o caso
Ofensas aconteceram em fevereiro. Em depoimento à polícia, o casal contou que começou a ser atacado pela mulher ao tentar parar o carro no estacionamento da padaria. Segundo o relato, havia três pessoas em pé no local, paradas na vaga. Quando eles se aproximaram para estacionar, duas pessoas saíram, mas uma mulher teria permanecido parada, com os braços cruzados, até ser retirada pelo homem que estava com ela. As informações são da SSP-SP.
Mulher teria ficado contrariada, retornado até onde o carro estava estacionado, empurrado o retrovisor do veículo e começado a gritar com o casal usando termos homofóbicos, como "viados". Ela também teria atirado um cone na direção deles. Uma das vítimas chegou a ser atingida.
Confusão continuou dentro da padaria, onde foi parcialmente gravada pelo casal, que divulgou os vídeos nas redes sociais. Nas imagens, é possível ver o momento em que uma das vítimas questiona por que a mulher está "alterada". "Você está alterada. Tá maluca, porr*? Por que você está alterada? A gente só queria estacionar o carro", diz.
Em seguida, a mulher continua os ataques, chamando-os de "viados". "Tirei sangue seu foi pouco. E os valores estão sendo invertidos. Eu sou de família tradicional. Eu sou branca. Olha a hipocrisia. O mimimi. Chama a polícia. Vamos ver quem vai preso aqui", disse, em tom irônico, quando o casal ligou para a polícia.
Nas redes sociais, uma das vítimas, identificada como Rafael Gonzaga, explicou que ele e o namorado foram agredidos física e verbalmente. "Passar pela situação de ser agredido e ofendido aos gritos publicamente em função da orientação sexual é algo repulsivo, primitivo, desumano. Não sabemos quem é essa mulher. Queremos justiça e peço a ajuda de todos".
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